Em pleno século XXI, tem herdeiro de Dom Pedro II garantindo um dinheirinho extra com um imposto que tira muita gente do sério! Saiba mais sobre a taxa
Entenda a polêmica
O que é a “taxa do príncipe” de Petrópolis?
Até a noite de domingo (20), a tragédia em Petrópolis já somava 168 mortos. É a maior catástrofe da região desde 1988, quando 134 pessoas morreram vítimas de um deslizamento causado por um temporal.
Em meio a desabrigados, desaparecidos e corpos sendo trocados, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, que se autointitula Príncipe Imperial do Brasil, usou o Twitter para prestar solidariedade, dizendo que a Família Real brasileira “está sempre disposta a servir ao seu povo, oferecendo orações e solidariedade a todos que vêm sofrendo”.
A fala não foi recebida pela população, que trouxe à tona a questão da “taxa do príncipe”, conhecida oficialmente como laudêmio.
O QUE É ESSA TAXA?
A “taxa do príncipe” é um imposto previsto em lei e cobrado desde 1847 em transações de imóvel na região onde anteriormente ficava a Fazendo Córrego Seco. Taxado pela Companhia Imobiliária de Petrópolis, que é administrada pelos herdeiros de Dom Pedro II, o imposto cobra um percentual de 2,5% em cada venda realizada no Centro e em bairros valorizados da cidade serrana, e é repassado para os familiares da antiga Família Real.
O roteirista Antonio Tabet, do canal Porta dos Fundos, indignou-se nas redes sociais: “A Família Imperial do Brasil (rá!) não dará um real pra cidade que paga as contas dela, mas vai… ORAR!”, publicou. Ele foi apoiado por muitos brasileiros, que lembraram Dom Bertrand que não existe monarquia no Brasil há mais de 130 anos. “Existe coisa mais cafona que monarquia?”, questionou a cantora Tereza Cristina.
A TAXA VAI ACABAR?
Se depender de Marcelo Freixo, deputado federal do Rio de Janeiro, sim. O parlamentar apresentou um projeto de lei na Câmara dos Deputados para que o laudêmio arrecadado fosse, por ora, destinado às vítimas das tempestades. A PL também propõe que, no futuro, o dinheiro do imposto seja repassado para a Prefeitura de Petrópolis, para que ela possa utilizá-lo em políticas públicas para evitar que novas tragédias do tipo aconteçam.
“Não faz sentido, em pleno século XXI, os moradores de Petrópolis pagarem uma taxa que só beneficia os descendentes do Imperador Dom Pedro II”, declarou o político.
História
O que faz a Família Real brasileira?
A resposta mais direta para essa pergunta é: nada. Além de postar algumas coisas nas redes sociais e acompanhar alguns acontecimentos de perto, desde que a Proclamação da República aconteceu, em 1889, a monarquia no Brasil não mais existe oficialmente – mas os herdeiros da Família Real seguem fazendo questão de lembrar que eles estão aí e garantindo alguns lucros com o título, como a “taxa do príncipe”.
Em 1908, o Principe Dom Pedro de Alcantara Luiz Philippe Maria Gastão Miguel Gabriel Raphael Gonzaga de Orleans e Bragança renunciou ao direito da Coroa. Entre brigas, exílios e casamentos no exterior, ele voltou ao país em 1920, após uma temporada na França, tendo se estabelecido em Petrópolis. Outra parte da família ficou em Vassouras, no interior do Rio de Janeiro.
Hoje, os herdeiros vivem vidas modernas, surfando, morando em apartamentos, viajando, ostentando longos sobrenomes e administrando nas redes contas pró-monarquia – um desejo que a gente sabe que jamais vai se realizar, mesmo o Justin Bieber dizendo “never say never”.
Obrigada, democracia!
Last modified: 21 de fevereiro de 2022