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Written by 09:59 Brasil

Petrópolis: número de mortos poderia ter sido menor?

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Chuvas em Petrópolis fazem dezenas de vítimas. Entre deslizamentos e enchentes, de quem é a culpa? Número de mortos poderia ter sido menor?

SOS Petrópolis

Governo foi alertado sobre riscos de temporais

A cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, amanheceu nesta quarta-feira (16) embaixo de água. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, a região registrou o maior volume de chuva em 24h desde agosto de 1952. Além das inundações, muitos pontos de deslizamento de terra foram registrados. Até a noite de ontem, 94 mortes haviam sido confirmadas.

Os temporais foram causados por uma série combinada de fatores: altas temperaturas, somadas à alta umidade relativa do ar, somada à brusca frente fria que está a caminho, motivada pelo fenômeno La Niña. 

Muitas mortes poderiam ter sido evitadas, uma vez que o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais comunicou a Defesa Civil do Rio de Janeiro já na segunda-feira que fortes chuvas estavam no radar. “O governo do Rio de Janeiro deveria ter evacuado Petrópolis quando recebeu o alerta de risco de desastre. Isso é óbvio”, lamentou Paulo Artaxo, professor titular do Instituto de Física da USP e vice-presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, ao veículo Folha de S. Paulo.

Também em entrevista ao jornal, a estudante Emily dos Santos, de 15 anos, desabafou: “Foi tudo muito de repetente. A minha mãe estava cozinhando feijão e não escutamos as casas do lado caindo. A minha outra avó conseguiu ver e começou a gritar. Quando a gente saiu, a casa desabou. Foi realmente Deus protegendo a gente. Mais um minuto e não ia dar, porque não sobrou nada. A minha avó está soterrada. O meu primo de quatro aninhos está com ela. É realmente muito triste. Não tem o que falar nessas horas”. 

Vale lembrar que, em 2011, mais de 900 pessoas morreram na região serrana do Rio de Janeiro vítimas de um dos deslizamentos mais fatais do mundo em cem anos, segundo relatório da ONU. De acordo com especialistas, o monitoramento é tão essencial para evitar tais tragédias quanto a ação rápida do governo.

Entenda a polêmica

Existe um culpado para o que ocorreu?

É difícil apontar dedos, até porque, como dissemos anteriormente, é uma junção de fatores. Tem, sim, a questão ambiental envolvendo fenômenos naturais como o La Niña (resfriamento anômalo das águas do Pacífico), mas também há questões socioeconômicas e territoriais em jogo.

Na maioria das vezes, essas pessoas que moram em regiões de alto risco estão lá por falta de melhores opções, não porque querem. Daí vêm à tona temáticas sobre moradia no Brasil, distribuição de renda, etc. 

É claro que algumas tragédias tidas como “acidentes” ou “desastres naturais” são, na verdade, ações criminosas contra o meio ambiente e as pessoas – mas não é o caso do que aconteceu em Petrópolis. É óbvio que é preciso analisar todas essas questões abordadas até aqui, mas nosso país tropical está mesmo suscetível a fortes chuvas, que podem se tornar ainda mais intensas por causa de fenômenos naturais. A saída apontada por especialistas é o monitoramento e planos de governo que possam diminuir – e, num mundo hoje talvez utópico, zerar – a concentração de pessoas em áreas de risco.

Todavia, é inegável que os fenômenos naturais estão ficando cada vez mais irregulares e intensos, consequências do desequilíbrio do planeta Terra causado por ações humanas. 

Last modified: 17 de fevereiro de 2022
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