Aos poucos, governos estão flexibilizando ou liberando o uso da máscara de proteção contra a Covid-19. O que os especialistas da saúde acham disso?
Entenda a polêmica
É prudente liberar o uso da máscara agora?
O Brasil se encontra em uma semana em que muitos governos começaram a liberar ou flexibilizar o uso da máscara de proteção conta o coronavírus. Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte, decretou o fim da obrigatoriedade do item em locais abertos no último dia 3. Em São Paulo, a mesma medida foi decretada no dia 8, pelo governador João Dória. No Distrito Federal, o mesmo esquema passou a vigorar.
Já no Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes publicou que o uso das máscaras estaria liberado também em locais fechados. Sendo assim, o Rio se torna a primeira capital do país a adotar esse afrouxamento total neste ano de 2022.
Em pleno pós-Carnaval?
Muitas pessoas estão criticando as decisões, especialmente no Rio de Janeiro, onde vários blocos de rua clandestinos desfilaram durante o feriado, mesmo após a proibição do governo.
Em resposta a isso, Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde, declarou que o passaporte da vacina será exigido em estabelecimentos fechados até pelo menos o final de março, quando provavelmente 70% da população adulta estará com a dose de reforço.
Soranz também explicou que “as pessoas que estão com sintomas respiratórios também devem usar máscara para evitar transmissão. Outra ação que a secretaria vai manter é a capacidade de testagem”.
O que pensam os especialistas?
Há muitas opiniões diversas, mas a maioria dos pesquisadores da área da saúde acredita que a flexibilização é algo natural, ainda mais com a campanha de vacinação já bastante avançada no Brasil – especialmente quando comparamos o país com o resto do mundo.
Em entrevista à Folha, Julio Croda, pesquisador da Fiocruz e professor da UFMS, pontua que “seria interessante manter a obrigatoriedade em serviços de saúde. As pessoas que vão estão doentes, então você diminui a transmissão com máscaras”.
Vitor Mori, físico pesquisador na Universidade de Vermont e membro do Observatório Covid-19 BR, concorda, mas acredita que “a liberação ampla e irrestrita” do item em lugares fechados é complicada.
O que pensa a população?
Um levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria mostrou que 35% dos brasileiros vão continuar usando máscara por um tempo, mesmo após a flexibilização ou liberação. 28% vão aposentar o item assim que possível e o restante diz que vai criar sua própria rotina de cuidados, levando em conta os decretos governamentais e as situações de risco.
E a tal da Deltacron?
Até o momento, 17 casos de pacientes diagnosticados com a Deltacron, uma versão híbrida do coronavírus que combina genes das variantes Delta e Ômicron, foram identificados na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, não há nenhum registro do tipo.
Além disso, são pouquíssimos os diagnósticos, o que faz muitos médicos acreditarem que a Deltacron não será uma grande ameaça, em nível de transmissão e tratamento.
Last modified: 3 de março de 2023