Se está difícil para você, imagina para os motoristas de aplicativo? Veja como o novo aumento do preço da gasolina está afetando o dia a dia do trabalhador
Entenda a polêmica
Gasolina X motoristas de App: esse problema é de todos!
Como viver no Brasil de 2022? Entre tensões políticas e econômicas, a população segue tentando sobreviver.
Além do constante aumento do preço dos alimentos (está difícil fazer mercado, viu?), a gasolina também subiu novamente, desta vez 18,8%, por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia. O óleo diesel avançou 24,9%.
No último ano, durante a pandemia, a inflação da gasolina para o consumidor final disparou 47,49%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Aqueles que dependem diretamente do combustível, como os motoristas de aplicativo, são os mais afetados.
O sinal vermelho
Ricardo dos Santos, de 38 anos, trabalhava como motorista de App, mas precisou abandonar a ocupação. “A principal fonte de renda vinha do trabalho como motorista. Gostava muito da rua, mas ficou inviável”, desabafou em entrevista para a Folha.
Ele não é o único. Nas redes sociais, chovem profissionais reclamando sobre a falta de suporte dos aplicativos: “Quando realmente vão nos ajudar? Somos nós que deixamos vocês cada dia mais bilionários, quando vão olhar pelos motoristas?”, questionam.
A Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo chegou a cogitar uma greve contra o mega-aumento da Petrobras: “Não tem como o motorista se sustentar tendo em vista que a gasolina está mais cara que a corrida. Motorista vai ter que tirar dinheiro do bolso para o passageiro chegar no seu destino”, explicou Eduardo Lima de Souza, presidente da Amasp.
A (suave) luz no fim do túnel
Depois de negociações, a Uber e a 99 anunciaram que vão aumentar o preço das viagens e a quantia repassada para os motoristas, para que suas frotas continuem firmes e fortes… Ou quase isso.
Enquanto a Uber anunciou um reajuste temporário de 6,5% por quilômetro rodado, a 99 informou que vai aumentar provisoriamente em 5% o ganho dos motoristas.
É a primeira vez que uma movimentação do tipo é feita em um ano, mesmo o combustível já tendo passado por vários reajustes em 2021.
Jhanny Silva trabalha como motorista em aplicativos (Foto: Rubens Cavallari/Folhapress)
Vai ficar mais caro, mas vai ter carro
Já faz um tempo que usuários reclamam da dificuldade em encontrar carros e ter corridas aceitas. Fizeram até meme da desgraça, dizendo que a verdadeira cultura do cancelamento é a que ocorre atualmente na Uber.
A justificativa é apenas uma: o aumento da gasolina. Enquanto alguns tiveram que abandonar o batente, ou, no caso, o volante, outros começaram a recalcular suas rotas, visando uma maior economia.
Se antes valia a pena buscar passageiros que estavam mais distantes, mesmo que para rodar pouco, hoje essa conta não mais fecha. Além disso, a demanda de usuários continua grande, só que a oferta de carros diminuiu. Por isso, às vezes é muito difícil ter corridas aceitas, ainda mais nas opções mais baratas.
É importante também lembrar que possivelmente o número de pessoas que dependem de aplicativos pode ter crescido. Afinal, em algumas situações, vale mais a pena se locomover usando esses Apps de transporte que tirar o carro da garagem, abastecer, pagar estacionamento, etc. “Encho o tanque do carro todas as semanas. Há uns dois anos, pagava uns R$ 100, um pouco mais. Agora, a conta passa de R$ 300”, inconformou-se a oficial de Justiça Fabiana Cherubini, de 46 anos, em entrevista dada à Folha.
O medo da falência
Em 31 de maio de 2021, a Cabify, uma das principais concorrentes da Uber e da 99, encerrou suas atividades no Brasil. Em razão de problemas financeiros causados pela pandemia de Covid-19, a empresa, que disse na época ter “um forte compromisso com a busca de rentabilidade”, decidiu fechar as portas.
Em outros países da América Latina onde opera, a Cabify conseguiu se reerguer, mas o cenário foi bem diferente no país tropical, abençoado por Deus, bonito por natureza, mas que não anda lá uma beleza, não.
Fica o questionamento: ninguém quer pagar mais em corridas, até porque está difícil para todo mundo, mas já imaginou um mundo sem aplicativos de transporte? Ele já existiu, e por muitas décadas, mas hoje parece um grande retrocesso em questão de mobilidade, não?
Last modified: 3 de março de 2023