A Flórida aprovou uma legislação anti-LGBTQIA+ sobre “ideologia de gênero” e a Walt Disney Corporation acabou tendo seu nome envolvido na história. Xiii!
Entenda a polêmica
O que a Disney tem a ver com o projeto de lei Don’t Say Gay?
No dia 28 de março, Ron DeSantis, governador da Flórida, sancionou o projeto de lei Don’t Say Gay (“Não Diga Gay”), cuja proposta é proibir que debates sobre identidade de gênero e orientação sexual aconteçam em escolas.
Além disso, a PL dá respaldo para que qualquer pai possa processar colégios e professores caso entendam que discussões sobre “ideologia de gênero” estejam ocorrendo em sala de aula.
No dia 1º de julho, a Don’t Say Gay deve entrar em vigor, porém uma ação judicial luta para que ela seja derrubada antes que isso ocorra.
Mas o que a Disney tem a ver com essa história?
Denúncias de homofobia
O jornal The Orlando Sentinel reportou que a companhia doou verba para campanhas políticas de patrocinadores ligados ao projeto “Não Diga Gay”.
Para piorar, em carta aberta publicada pela revista Variety, funcionários da Pixar alegam que executivos da Disney censuram há anos histórias e cenas de amor entre pessoas do mesmo sexo nas animações. “Nós testemunhamos pessoalmente belas histórias, cheias de diversos personagens, voltando de críticas corporativas reduzidas a migalhas do que eram antes”, foi dito.
Em meio às denúncias de boicote, Bob Chapek, CEO da empresa, deu uma declaração bem mais ou menos para tentar abafar o caso: “Não quero que ninguém confunda falta de declaração com falta de apoio. Todos compartilhamos o mesmo objetivo de um mundo mais tolerante e respeitoso”, declarou. E não agradou.
Um passado duvidoso
O legado da Disney é pautado em animações baseadas na “família tradicional” dos contos de fadas: uma princesa se apaixona pelo príncipe, eles se casam e vivem felizes para sempre.
Há pouco tempo, a companhia entendeu que seria interessante acompanhar a evolução do mundo e mudar aos poucos esse cenário, passando a explorar relações entre mãe e filha, irmãs e melhores amigos, como é o caso de Luca, animação em parceria com a Pixar lançada em 2021, que, para muitos, é uma alegoria gay – apesar de nada ter sido confirmado.
Entretanto, nenhuma produção até o momento aborda abertamente a temática LGBTQIA+, e aquelas que tentaram “burlar o sistema” se deram mal. É o caso da série de animação The Owl House, que estreou em 2020.
Disponível no streaming Disney+, ela foi cancelada depois da 3ª temporada e, de acordo com a criadora, Dana Terrace, o motivo foi a resistência da empresa em aceitar que duas personagens do mesmo sexo se envolveriam romanticamente na trama.
“Estou cansada de fazer a Disney parecer boa. Eu sei que tenho contas a pagar, mas trabalhar para essa empresa me deixou perturbada”, declarou em um vídeo postado no Twitter.
O beijo censurado
Outra questão que causou um burburinho é que Lightyear, próximo filme da Disney em parceria com a Pixar, terá um beijo entre duas mulheres, só que a cena em questão havia sido cortada anteriormente e, segundo fontes, incluída novamente após todas essas polêmicas envolvendo o nome da empresa e o projeto Don’t Say Gay, numa tentativa de tentar limpar o nome da companhia.
O conservadorismo vai ganhar?
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, disse que, apesar da onda conservadora ter avançado na Flórida, com a aprovação do projeto de lei, a administração dele vai “continuar lutando pela proteção e segurança” que os membros da comunidade LGBTQIA+ merecem. “Vocês continuarão a ser respeitados e amados do jeitinho que são”, escreveu o político nas redes sociais.
Bob Chapek, CEO da Walt Disney Corporation, uma das maiores corporações dos EUA, cuja sede se encontra justamente na Flórida, também se manifestou dizendo que a empresa doará US$ 5 milhões para campanhas que promovam os Direitos Humanos e organizações que trabalhem em prol da comunidade LGBTQIA+.
Last modified: 3 de março de 2023
