Tudo o que você precisa saber para começar o dia bem-informado
7 de junho de 2022
Chuvas e inundações cada vez mais fortes e contínuas podem ser explicadas pelas mudanças climáticas, que estão causando um novo tipo de ansiedade
Entenda a polêmica
Você sabe o que significa eco-ansiedade?
As chuvas continuam castigando o estado de Pernambuco, principalmente a capital, Recife. Como as vítimas fatais e os desabrigados não param de crescer, a prefeitura estuda reprogramar os festejos de São João.
Neste ano, temporais atingiram outras regiões do Brasil, como Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. A intensidade e a frequência com as quais fenômenos naturais estão afetando a Terra preocupam os especialistas, que garantem que é impossível não traçar um paralelo com as mudanças climáticas.
No último dia 05, o Dia Mundial do Meio Ambiente completou 50 anos. Ele foi instaurado em 1972, durante a primeira Confederação das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia. Na ocasião, 113 países compareceram e o mundo vivia o conturbado período da Guerra Fria.
Hoje, apesar de muitas cúpulas, discussões e metas, a situação é delicada. O último Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, da ONU, divulgou que a humanidade tem apenas três anos para evitar uma catástrofe climática irreversível. Ou seja, uma que deixaria diversas regiões do planeta inabitáveis.
Para isso, precisaríamos equilibrar a temperatura da Terra, que só anda subindo… Seria preciso atingir o pico da emissão de gases até 2025, e iniciar uma decrescente de 43% até 2030.
Só que toda a quantidade de gás carbônico que emitimos até hoje equivale a 80% de tudo o que a humanidade poderia já ter produzido. Logo, as perspectivas não são animadoras.
(Foto: GettyIamges)
Daí o que acontece? Uma coisa meio 8 ou 80: pânico ou conformismo. Ambas, apesar de serem extremos, podem ser explicadas pela eco-ansiedade, que nada mais é que “o medo crônico da destruição ambiental”, segundo definição da Associação Norte-Americana de Psicologia.
O termo foi divulgado pela primeira vez em 2017, pela própria APA (American Psychology Association). Essa enorme crise crônica de ansiedade afeta mais os jovens entre 16 e 25 anos, que, além de temerem pela própria vida, temem pela vida de futuras gerações.
Um estudo científico publicado pelo jornal científico The Lancet mostra que 39% da Geração Z hesitam em ter filhos justamente por causa do colapso climático.
Aqueles que não se desesperam com a situação do planeta e resolvem agir, ou se desesperam e ficam em estado catatônico ou simplesmente jogam a toalha, pois acreditam que a Terra não tem mais solução.
Não há um tratamento específico para a eco-ansiedade, mas os médicos explicam que, por se tratar de uma variação da ansiedade, o transtorno e suas crises devem ser tratados com acompanhamento médico e medicação. Em algumas situações extremas, a eco-ansiedade pode, sim, desencadear um quadro de depressão.
Apesar do sentimento causar essa contínua sensação de impotência – ainda mais se pararmos para pensar que as principais ameaças ao meio ambiente fogem diretamente do nosso controle e são cometidas por multinacionais, pelo garimpo ilegal e pelo próprio governo -, é preciso se forçar a agir, por pior que seja o cenário.
As substituições e o trabalho de formiguinha diário são importantes, assim como a luta contra as fake news e o negacionismo. Seu voto também é extremamente importante! Cada vez mais precisamos ter a consciência de que a pauta ambiental caminha de mãos dadas com pautas socioeconômicas e educacionais. No fim, é tudo uma coisa só. Afinal, a Terra é uma só – e não existe planeta B. Por ora, nem mesmo para bilionários como Elon Musk.
Last modified: 3 de março de 2023