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Written by 12:14 Entretenimento

Entenda o desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips

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13 de junho de 2022

Indigenista brasileiro e jornalista britânico seguem desaparecidos; material orgânico foi encontrado em rio na região amazônica onde buscas são feitas

Entenda a polêmica

Onde estão Bruno Pereira e Dom Phillips?

No primeiro domingo de junho (05), o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira [foto acima à direita], de 41 anos, membro da ONG Unijava e servidor em licença da Funai (Fundação Nacional do Índio) desapareceu durante viagem pelo Vale do Javari, no Amazonas. Ele estava na companhia do jornalista inglês Dom Phillips [foto acima à esquerda], colaborador do jornal The Guardian, de 57 anos, que também está desaparecido.

Desde 2015, Bruno atuava na região e trabalhava para conscientizar os ribeirinhos sobre a importância da pesca legal. Além de positiva para o meio ambiente, ela diminui as invasões territoriais, uma vez que a região é bastante visada. Ou seja, o intuito do servidor em licença da Funai era legalizar pescadores em região dominada pelo narcotráfico.

A Terra Indígena do Vale do Javari é a segunda maior do Brasil. Seus 8,5 milhões de hectares de riquezas naturais são alvos da pesca e da caça ilegal. Além disso, a região, no município de Atalaia do Norte, favorece o trabalho de traficantes de cocaína, devido ao fácil escoamento pelo rio. 

O cenário só piora quando sabemos que esses traficantes estimulam a pesca ilegal, que se tornou uma espécie de lavagem de dinheiro, financiando os pescadores com equipamentos novos e barcos, uma vez que estes acabam ficando presos aos contrabandistas e ajudando-os na rota de escoamento da droga. 

As pistas

Neste domingo (12), bombeiros encontraram uma mochila, com notebook e pertences pessoais, amarrada a uma árvore submersa em Atalaia do Norte, onde as buscas estão sendo feitas. A Marinha também está envolvida no caso.

Alguns ativistas que se manifestaram sobre o caso disseram que evitam a região por já terem sido ameaçados de morte após desafiarem os traficantes, e certos caçadores e pescadores ilegais. 

As investigações seguem a todo vapor e, no final de semana, a Polícia Federal encontrou material orgânico em um rio da região do Vale do Javari. Segundo o presidente Jair Bolsonaro, as amostras seguiram para análise de DNA.

O desaparecimento dos ativistas repercute no mundo todo. Há a suspeita de homicídio.

O que significa ser indigenista?

Bruno Pereira era servidor em licença da Funai e atuava em prol dos indígenas, não pertencendo a nenhum povo. Logo, Bruno era um indigenista, ou seja, “uma pessoa que atua em prol das populações indígenas perante os órgãos políticos e públicos responsáveis pela integração, proteção e cultura desses povos”, segundo definição do Dicionário Michaelis.

Até 2019, Bruno atuava na Coordenação Geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) da Fundação Nacional do Índio (Funai), sendo o responsável pela área. 

Durante o governo de Bolsonaro, o indigenista foi substituído por um missionário evangélico, segundo relato de colegas de profissão, que afirmam também que Bruno tinha ideias incompatíveis com as do delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier, atual presidente da Funai, e com as do próprio presidente da República.

Ativistas garantem que, caso não tivesse sido exonerado, a situação atual de Bruno Pereira seria bastante diferente. “Ele estava fazendo [ao desaparecer] um trabalho que o Estado brasileiro parou de fazer”, relatou Priscila Colodetti, atual diretora executiva da INA – Indigenistas Associados, em entrevista ao Estadão.

Last modified: 3 de março de 2023
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