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17 de junho de 2022
Restos mortais dos ativistas ambientais mortos no Vale do Javari foram encontrados logo após suspeitos confessarem o crime. O que os motivou?
Entenda a polêmica
Quem matou Bruno Pereira e Dom Phillips e por quê?
Na última quarta-feira (15), os suspeitos pelas mortes do indigenista Bruno Pereira, de 41 anos, e do jornalista britânico Dom Phillips, de 57, confessaram o crime.
Os depoimentos foram coletados na sede amazonense da Polícia Federal. A informação foi divulgada com exclusividade pela BandNews e antecipada pelo site BCN Amazonas.
Quem são os assassinos?
Oseney da Costa de Oliveira e Amarildo Costa de Oliveira são irmãos e pescadores da região do Vale do Javari, onde os ativistas ambientais desapareceram, nas proximidades da comunidade de São Rafael.
Oseney, que foi detido na última terça (14), foi o primeiro a confessar o crime e garantir que ajudou o irmão a “sumir” com Bruno e Dom. Amarildo, que estava preso desde a última semana, só confessou o crime após ser entregue pelo parceiro.
Pouco se sabe sobre os irmãos Costa de Oliveira. Há mais informações sobre Amarildo, que é conhecido na região como Pelado. Segundo fontes locais, ele era famoso por vender carne de animais silvestres e peixes para os moradores. O irmão, Oseney, trabalhava junto dele.
Por que eles cometeram o crime?
Esta é justamente uma das perguntas que a Polícia Federal pretende responder em breve. Segundo relato do próprio Oseney, os irmãos decidiram matar os ativistas após serem flagrados cometendo pesca ilegal – mas a motivação pode ir além, uma vez que Bruno Pereira era um nome bastante visado na região.
Ainda de acordo com depoimento do amazonense, os corpos dos ativistas teriam sido queimados e esquartejados.
Nesta quinta-feira (16), a polícia divulgou que encontrou restos mortais numa região de mata de difícil acesso a 3 km do Rio Itaquaí, onde as autoridades já haviam encontrado uma mochila com pertences pessoais das vítimas e material orgânico.
“A perícia é imprescindível para buscar as respostas: para definir materialidade, entender a dinâmica e apontar a autoria. Mesmo com a confissão, você tem que seguir com a análise pericial, para corroborar os relatos com fatos científicos”, explicou Marcos Camargo, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), para o Estadão.
Por que Bruno era visado na região?
O indigenista Bruno Pereira, membro da UNIVAJA (Organização Representativa da terra indígena do Vale do Javari-AM) e servidor em licença da Funai (Fundação Nacional do Índio), já tinha estado na região do Vale do Javari, no Amazonas, mais de 12 vezes.
Em 2019, o ativista participou da Operação Korubo, que destruiu 60 balsas ligadas ao garimpo ilegal em terras indígenas. Foi uma das operações de maior sucesso já registradas contra a atividade.
Assim sendo, Bruno Pereira lutava ativamente em prol da floresta e dos povos indígenas e contra as ameaças humanas que controlam a região, como a pesca e a caça ilegal, o garimpo e o narcotráfico.
O jornalista britânico Dom Phillips, correspondente do The Guardian, também era um nome conhecido na luta ambiental e estava no Vale do Javari colhendo imagens e depoimentos para um livro que estava escrevendo sobre meio ambiente, justamente denunciando essas práticas ilegais.
“Se criminosos agem livremente naquele rincão amazônico é porque o Estado dali se ausentou. Bolsonaro mais uma vez fugiu à responsabilidade, chegando ao cúmulo da ignomínia ao inculpar os próprios desaparecidos e dizer que empreendiam uma ‘aventura’ e que Phillips era ‘malvisto’ na região. Jornalismo não é aventura”, relatou o jornal Folha de S. Paulo em editorial publicado nesta quinta (16).
Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram no dia 5 de junho, quando estavam a caminho ne Atalaia do Norte. A Polícia Federal pode confirmar outros nomes de possíveis envolvidos no caso em breve.
O Brasil lidera o ranking americano de nações que mais matam ativistas no globo. No ranking mundial, o país ocupa a nada honrosa 4ª posição.
Last modified: 3 de março de 2023