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19 de julho de 2022
Depois de nove anos de muito sofrimento, Anitta recebeu o diagnóstico de endometriose, doença que acomete mais de 6 milhões de mulheres no Brasil
Saúde
Endometriose: o que é, causas, sintomas e tratamento
A doença endometriose ficou em pauta nos últimos dias por causa de um relato feito pela cantora Anitta, que recebeu tardiamente o diagnóstico, após anos de sofrimento.
No Twitter, a artista contou que sentia cólicas menstruais insuportáveis e que as fortes dores também a atingiam no dia seguinte às relações sexuais. De início, erroneamente, ela foi diagnosticada com cistite de lua de mel.
Foi só quando realizou uma ressonância magnética, meio sem querer, já que estava no hospital como acompanhante de seu pai, que recebeu o diagnóstico: “Comentei com minha querida amiga-anja-doutora, que comanda tudo lá, que eu estava em tempo de morrer de dor(…) A doutora – enviada pelo meu anjo da guarda, só pode – fez na mesma hora uma ressonância em mim e estava lá: endometriose”, disse.
O que é?
A endometriose é uma doença inflamatória crônica causada pelo refluxo do sangue menstrual. Ou seja, o endométrio, tecido uterino essencial para o sistema reprodutor feminino [é ele que prepara o útero todo mês para uma possível gestação], não é eliminado totalmente durante a menstruação e acaba migrando para outros órgãos, como para os ovários, para as trompas, para a bexiga e até mesmo para o intestino.
O diagnóstico é mais frequente em mulheres entre 20 e 30 anos, mas a doença pode afetar qualquer pessoa durante idade fértil, inclusive adolescentes.
Quais são os sintomas?
Varia muito, mas as cólicas menstruais intensas e as fortes dores abdominais pré-menstruação são os mais frequentes e que acabam levando as mulheres a buscarem ajuda.
Infecções urinárias de repetição, como a que acometia a cantora Anitta, também podem ocorrer, assim como alterações intestinais e dores para evacuar durante o ciclo menstrual, que pode ser marcado por sangramentos intesos e irregulares.
Especialistas alertam que toda a dor fora do comum, isto é, que atrapalha a qualidade de vida da pessoa, precisa ser investigada – e que, muitas vezes, o diagnóstico de endometriose é tardio porque a dor, especialmente a menstrual, é ainda bastante normalizada em nossa sociedade.
Quais são as causas?
Difícil bater o martelo, porque nem a Ciência ainda chegou lá, mas, de acordo com reportagem publicada pelo HCor, 50% dos casos são hereditários.
Além do fator genético, o imunológico também é uma aposta: “Ou seja, alterações da imunidade celular nas mulheres, motivadas pelo estresse, podem desencadear a doença”, explica o ginecologista e obstetra do hospital, Dr. Francis Helber.
Outras possíveis causas são ciclos menstruais intensos, com grande volume de sangue, má formação uterina e uma alimentação rica em alimentos inflamatórios, como frituras, embutidos, refrigerantes e bebidas alcoólicas, carne vermelha e muitos produtos industrializados.
Tem cura?
Os médicos não falam em cura, mas em controle da doença, pois não existe ainda um medicamento capaz de remover todos os focos da endometriose.
Um novo medicamento está sendo desenvolvido pela farmacêutica Forendo. Ele é um inibidor da enzina 17beta-hidroxisteróide, que aumenta o nível de estrogênio no sangue, hormônio que justamente estimula o crescimento do endométrio.
A aposta é que ele bloqueie o crescimento desse tecido de maneira direcionada, ou seja, atuando apenas nos focos da doença. Por ora, ele ainda está em fase de teste.
Qual é o tratamento?
A primeira coisa a ser feita, após o diagnóstico, é investigar as possíveis causas da doença no paciente. Geralmente, analgésicos são receitados para alívio dos sintomas, assim como uma dieta anti-inflamatória e a prática de atividades físicas. Plantas também podem ser grandes aliadas.
Na maioria dos casos, contudo, contraceptivos orais são prontamente receitados, visando o bloqueio da menstruação. Alguns especialistas em ginecologia natural, porém, garantem que as pílulas anticoncepcionais podem até parar com as cólicas, uma vez que a mulher não mais menstrua, mas que não trata a doença em si; apenas mascara o problema.
Em casos mais graves, quando os focos da doença já afetaram muitos órgãos, chegando ao intestino, a cirurgia [para a retirada do tecido endometrial fora do útero] é indicada. Apesar de efetiva, há casos em que a doença retorna após a operação.
A cirurgia também é indicada para mulheres que estão enfrentando dificuldade para engravidar, uma vez que 30% a 40% das mulheres inférteis são diagnosticada com endometriose, a principal causa de infertilidade feminina.
Mas, aqui vai mais um alerta: nem sempre a endometriose vem acompanhada de dores intensas. Por isso, os ginecologistas aconselham que a pessoa procure um médico ao notar qualquer alteração com o corpo, especialmente durante o período menstrual.
Além disso, os exames de rotina são essenciais para um diagnóstico precoce, indispensável para que os tratamentos sejam efetivos.
Last modified: 3 de março de 2023