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20 de setembro de 2022
Luisa Sonza sobre caso de racismo envolvendo seu nome: “Não tenho medo de colocar meus privilégios à disposição pra diminuir qualquer discriminação”
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Entenda o caso: Luisa Sonza é processada por racismo
O nome de Luisa Sonza voltou a ganhar os noticiários nesta semana. Durante a pandemia, a cantora foi acusada de racismo e a primeira audiência do caso aconteceria na última quarta-feira (14), mas precisou ser adiada após vazamento do link da reunião online. Agora, ela acontecerá de forma presencial, mas sem data divulgada.
O caso em questão teria ocorrido em 2018, durante uma festa realizada na Pousada Zé Maria, em Fernando de Noronha. De acordo com a vítima, a advogada Isabel Macedo, Luisa teria assumido que ela trabalhava como garçonete no local simplesmente por ser uma mulher negra.
Na época em que os rumores sobre o caso vieram à tona, a artista publicou no Twitter que jamais teria uma atitude do tipo, e que os fãs sabiam disso. Seu advogado, José Estavam Macedo Lima, falou que as acusações eram falsas e inverídicas, e deu a entender que a vítima só queria se aproveitar do dinheiro e da fama da cantora.
A VERSÃO DA VÍTIMA
Em entrevista para a repórter Thais Bernardes, do site Notícia Preta, Isabel Macedo deu sua versão dos fatos. A advogada disse que estava comemorando seu aniversário na balada em Noronha quando tudo ocorreu: “Ao voltar do banheiro, fiquei próxima do palco para ouvir a música. Era meu aniversário e eu tinha viajado sozinha. Estava dançando, me divertindo e aproveitando a festa. Por um acaso, parei atrás da Luisa. No evento tinha vários famosos, mas nem sabia quem era ela. Nunca tinha ouvido falar. Foi então que ela virou, bateu no meu ombro e disse: ‘Pega um copo d’água pra mim?’. Eu respondi que não tinha entendido, ela repetiu a frase e completou: ‘Você não trabalha aqui?'”, recordou.
Ao perceber o que tinha acabado de acontecer, Sonza teria dito apressadamente que não era nada daquilo que a moça estava pensando, ao que Macedo retrucou: “Eu disse que ela nunca sentiria o que eu estava sentindo, pois nunca seria confundida com as pessoas que servem nas festas que ela frequenta”.
Na entrevista, a vítima aproveitou para dizer que não há nenhum demérito no trabalho de empregada ou garçonete, e que a questão vai além: “Por que a branquitude sempre nos enxerga nessa posição de serviçal? Por que nos entendem como pessoas que só podem servi-los mas nunca como pessoas que podem consumir, viver e viajar como eles?”, questionou a advogada, que disse também ter sido tratada de forma discriminatória na delegacia, quando foi realizar o boletim de ocorrência: “A inspetora, loira, começou a dizer que eu não era negra, que era morena, que não era bem assim. Eu querendo registrar como racismo e ela queria dizer que era injúria racial. Consegui fazer o boletim de ocorrência como racismo e anexei prints que fiz do Story de uma artista, onde eu aparecia atrás da Sonza”, lembra.
Isabel ainda garantiu que nunca trouxe o caso à tona nem falou com os principais veículos de comunicação porque não tinha o intuito de ficar famosa às custas da cantora ou de uma situação do tipo. “Minha intenção com a ação é que isso tenha um caráter pedagógico, embora não tenhamos obrigação alguma de ensinar nada ao branco. Minha intenção com essa ação é que ela aprenda”, relatou.
O NOVO POSICIONAMENTO DE LUISA
Na noite desta segunda-feira (19), Sonza se pronunciou sobre o caso nas redes sociais. Em carta aberta, ela disse que seu silêncio até então era porque “precisava desse tempo para refletir, conversar com as pessoas e entender melhor algumas questões”.
A artista ainda falou que ela percebeu que, mesmo sendo uma aliada de questões sociais, precisa estar em constante aprendizado e que não tem medo de colocar seus privilégios à prova. “Estou lidando com essa situação como uma oportunidade para tentar ser melhor (…) Por isso, minha decisão é solicitar uma audiência especial para resolver amigavelmente o processo”.
Luisa Sonza ainda aproveitou a ocasião para esclarecer que está respondendo um processo de danos morais, cujo valor em jogo é R$ 10 mil. “Não estou respondendo por processo criminal, como foi divulgado”, pontuou.
Last modified: 3 de março de 2023