A sigla “CPX” tem alguma relação com facções criminosas?

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19 de outubro de 2022

De um lado, pessoas dizendo que a sigla “CPX” tem ligação com facções. De outro, o movimento “favelado não é bandido” ganha as redes sociais

Entenda a polêmica

A sigla “CPX” tem alguma relação com facções criminosas?

Há poucos dias, o candidato à presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva visitou o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, durante comício. A visita em si talvez não tivesse repercutido tanto se Lula não tivesse usado um boné com as inicias “CPX” durante o ato.

Inclusive, o acessório acabou virando pauta no primeiro debate presidencial após o 1º turno das Eleições 2022, realizado pela Rede Bandeirantes. O candidato à reeleição Jair Bolsonaro disse que “só tinham traficantes ao lado de Lula”, contribuindo para uma discussão que já estava rolando nas redes sociais e que associava a sigla “CPX” a facções como o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Mas será que tem alguma coisa a ver? A resposta é simples: não. “CPX” é puramente a abreviação da palavra “complexo”. Ou seja, Complexo do Alemão, Complexo da Penha, Complexo da Maré, Complexo do Salgueiro, e por aí vai. Eventualmente, pode vir a ser usada por facções que atuam dentro das comunidades? Sim, mas não é uma exclusividade. Todo e qualquer morador pode usar a abreviatura.

A sigla é usada para definir regiões do Rio que contam com um grupo de favelas. Na internet, ela é ainda mais corriqueira, uma vez que siglas no geral são bastante usadas para facilitar a digitação e a comunicação.

A fake news a respeito da palavra abreviada e de sua ligação com facções criminosas gerou um movimento online de moradores e comunicadores de comunidades, que levantaram a bandeira “favelado não é bandido”.

A título de curiosidade, o boné que Lula vestiu durante o comício foi produzido pela Junior Bordados, uma empresa familiar do Complexo do Alemão que até então tinha três funcionários. Depois de toda essa história, os pedidos aumentaram tanto que a companhia precisou fazer mais cinco contratações! 

“Essa questão do CPX é muito importante para a gente, ainda mais em um boné, que é algo muito representativo nas favelas e periferias. O CPX nos representa”, disse Camila Moradia, umas das lideranças do Movimento por Moradia no Complexo do Alemão e coordenadora da organização comunitária Mulheres em Ação no Alemão, ao jornal Folha de S. Paulo. 

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