Luiz Galvão: o novo baiano hippie entra para a eternidade

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24 de outubro de 2022

Um dos fundadores dos Novos Baianos, Luiz Galvão morre em São Paulo, aos 87 anos. A seguir, você confere nossa singela homenagem ao gigante da MPB

#AdeusPoeta

Luiz Galvão: o novo baiano hippie entra para a eternidade

No último sábado (22), “acabou chorare” de Luiz Galvão, um dos fundadores do grupo musical Novos Baianos. O poeta, natural de Juazeiro, na Bahia, faleceu aos 87 anos, em São Paulo, no hospital Incor, onde estava internado se recuperando de um infarto. 

“Mestre Luiz Galvão acaba de serenar e foi encontrar seu parceiro Moraes Moreira, na imensidão da eternidade”, publicou o ator e músico Lúcio Mauro Filho no Instagram, responsável por escrever o texto do musical em homenagem ao quinteto, que estreou em 2019.

A cerimônia de cremação ocorre nesta segunda-feira (24), em São Paulo. Uma bandeira do Vasco cobrirá o caixão do artista, que pediu anteriormente que suas cinzas fossem jogadas no Rio São Francisco, na sua terra natal. 

VIDA E OBRA

Luiz Dias Galvão nasceu no dia 22 de outubro de 1935, em Juazeiro, mas só foi registrado dois anos depois. Quando novo, chegou a jogar futebol profissionalmente e tinha o sonho de jogar no seu time do coração, o Vasco, o que não acabou acontecendo. 

Mais tarde, Galvão se formou em agronomia e trabalhou na área por seis anos, quando a música lhe chamou e, junto dos amigos Moraes Moreira e Paulinho Boca de Cantor, formou o grupo Novos Baianos, em 1968, que mais tarde recebeu Pepeu Gomes e Baby do Brasil. 

Novos Baianos fazendo música na casa comunitária no Rio de Janeiro

Os artistas se mudaram para o Rio de Janeiro, para tentar a sorte, e viveram por anos em uma casa comunitária regada a muita psicodelia – e psicodélicos. O quinteto, cujos integrantes são conhecidos por serem alguns dos primeiros hippies brasileiros, lançou, em 1972, o álbum “Acabou Chorare”, com os sucessos Brasil Pandeiro, A Menina Dança, Mistério do Planeta, Besta é Tu, Preta, Pretinha e a canção que dá título ao álbum. 

A consagração veio e, hoje, o grupo Novos Baianos é um dos principais nomes da Música Popular Brasileira, tendo sido homenageado por outros cantores, como Caetano Veloso, que, na música Sampa, cita o quinteto: “Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba; Mais possível novo quilombo de Zumbi; E os novos baianos passeiam na tua garoa; E novos baianos te podem curtir numa boa”. 

A VIDA APÓS O TÉRMINO

Em 1979, os Novos Baianos se separaram. Entre 1997 e 2015, eles fizeram uma reunião, mas todos já estavam focados em suas carreiras solo – menos Luiz Galvão, o único exclusivamente poeta do grupo. Ele sentiu um pouco de dificuldade de continuar na carreira musical e até chegou a cogitar formar um grupo para continuar cantando os sucessos do quinteto, mas logo desistiu da ideia. Não seria a mesma coisa, não teria a mesma energia.

Durante um bom tempo, o baiano sobreviveu da mesada de João Gilberto, o pai da Bossa Nova, que era amigo de infância, conterrâneo e parceiro de Galvão. Não à toa, em 2021, o poeta lançou o livro João Gilberto: A Bossa, em que narra algumas histórias afetuosas que viveu ao lado do músico, que faleceu em julho de 2019. 

 Galvão, ao centro, rodeado pelos outros Novos Baianos

Boa parte da renda de Galvão, além de vir dos direitos autorais, vinha também de jogos do bicho. Pelo menos, nos anos seguintes ao término. Recentemente, quando estava internado em São Paulo, vários amigos e artistas, como o próprio Lúcio Mauro Filho, compartilharam nas redes sociais uma campanha que pedia doação de dinheiro para que a família do músico conseguisse bancar as despesas da internação e dos remédios, mostrando que, apesar do enorme sucesso, dinheiro nunca foi o foco do poeta, um verdadeiro hippie de nascença, repleto de “amor da cabeça aos pés”.

Obrigada, Luiz Galvão! Que a sua carne de Carnaval e o seu coração, que é igual, vivam esse “outro mundo” de uma maneira inquietante, como sempre foi, e que você continue desvendando todos os Mistérios do Planeta.

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