Professora do Paraná saúda Hitler e Bolsonaro em sala de aula

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11 de outubro de 2022

Com um adesivo de “Deus acima de todos” colado no peito, professora de colégio católico faz saudação a um regime que matou milhões de pessoas

Entenda a polêmica

Professora do Paraná saúda Hitler e Bolsonaro em sala de aula

Viver no Brasil não está sendo para amadores, definitivamente. A semana começou com um viral de embrulhar o estômago: uma professora do Colégio Sagrada Família, em Ponta Grossa, no Paraná, foi flagrada fazendo uma saudação nazista em sala de aula. A docente foi identificada pelo nome de Josette e leciona redação. O vídeo foi gravado por alunos no último sábado (8) e publicado pela Revista Fórum. 

Na filmagem, a professora aparece vestindo uma blusa com a estampa da Bandeira do Brasil e adesivos pró-Bolsonaro colados no peito. Um deles promove o famoso slogan do presidente da República, candidato à reeleição: “Deus acima de todos”. Ela ergue o braço fazendo uma alusão clara à saudação que nazistas faziam a Adolf Hitler. 

A Irmã Edites, diretora da instituição de ensino, disse em entrevista à Fórum que a professora foi punida, mas se negou a revelar qual foi a punição. Em um primeiro momento, sabe-se que a professora não foi demitida, mas a Irmã concedeu uma entrevista à Folha na sequência e informou que o colégio demitiria a funcionária. “Não é a nossa metodologia e nem o nosso jeito de ser. Nós sempre procuramos ficar neutros e é esta a orientação que a escola passa aos alunos, pais e professores. A posição da escola é totalmente contrária ao que aconteceu”, falou.

A Folha também entrou em contato com o advogado da professora, Alexandre Jorge, que negou que sua cliente tenha feito uma saudação nazista.

O posicionamento da Irmã Edites não foi bem recebido pelo Museu do Holocausto no Brasil, que repudiou trecho da fala de Edites: “Para esses casos, não existe qualquer possibilidade de neutralidade. Apologia ao nazismo se compactua ou se repudia“, foi dito.

A Confederação Israelita do Brasil também se manifestou sobre o caso: “Espera-se uma rigorosa apuração dos fatos e punição exemplar à referida profissional. O nazismo é um movimento que promove o ódio e a morte e executou o extermínio de 6 milhões de judeus e outras minorias, como ciganos e LGBTQIAP+, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele deve ser combatido de forma efetiva, conforme a legislação vigente”. 

De acordo com a Lei Nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, fazer apologia do nazismo é crime. A pena varia de um a três anos de reclusão, mais multa. 

A Confederação Israelita do Brasil também informou que encaminhou o vídeo para o Ministério Público do Paraná, para a Procuradoria da República no Paraná e para o Conselho Nacional do Ministério Público.

Um professor de Ponta Grossa revelou anonimamente ao ICL Notícias que vídeos polêmicos da professora em questão já haviam sido compartilhados em grupos de WhatsApp de docentes da região. Em um deles, captado um dia antes do 1º turno das Eleições 2022, Josette aparece sacudindo a Bandeira do Brasil na janela da escola, gritando palavras de apoio a Jair Bolsonaro. Ela, mais uma vez, estava em sala de aula. 

À Justiça, cabe julgar o caso. Mas, a nós, cabe fazer breves e necessárias reflexões. Por exemplo, tem cabimento uma pessoa com a frase “Deus acima de todos” junto ao peito defender um regime totalitário que matou cerca de 6 milhões de judeus durante o Holocausto? 

A título de curiosidade e informação histórica, “Deutschland über alles” (ou “Alemanha acima de tudo”, em português) é um trecho da música Das Lied der Deutschen (“A Canção dos Alemães”), de August Heinrich Hoffmann von Fallersleben, escrita em 1841, que foi usado como slogan pelo Partido Nazista. 

Outro ponto que vale a reflexão é sobre o apartidarismo em sala de aula defendido por boa parte dos eleitores de Bolsonaro. Mas, quando lhes convém, ele pode ser suspenso ou analisado fazendo vista grossa? São coisas bastante interessantes de se perguntar, seja você eleitor ou não do atual presidente da República. 

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