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2 de novembro de 2022
Nesta última terça-feira (1º), Bolsonaro quebrou o silêncio e se pronunciou sobre o resultado das eleições presidenciais do último domingo – mas não citou Lula.
Ele falou!
4 pontos do discurso de Jair Bolsonaro que merecem atenção
Depois de cerca de 40 horas de silêncio, Jair Bolsonaro (PL) finalmente se manifestou sobre o resultado das eleições presidenciais. Em breve discurso realizado no Palácio da Alvorada, em Brasília, o presidente, que perdeu nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último domingo (30), agradeceu seus eleitores, não citou o nome do adversário eleito nem o parabenizou, o que é de praxe em regimes democráticos, e justificou os bloqueios rodoviários que estão ocorrendo em todo Brasil.
A seguir, separamos quatro pontos do pronunciamento que merecem atenção:
1. “Nós iniciaremos o processo de transição”
A primeira fala nem é do Bolsonaro, mas de Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil. Com a frase, ele reconhece o resultado das urnas, mesmo que de maneira indireta, sem citar o resultado ou a vitória do adversário político.
Nas redes sociais, o STF reforçou o posicionamento de Nogueira: “O Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do Presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições“, escreveu.
2. “Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”
Ao não reconhecer de maneira direta a derrota nem citar seu oponente, Jair Bolsonaro agiu de maneira antiprofissional e antidemocrática, de acordo com especialistas políticos.
Além disso, a fala do presidente pode ter sido curta, mas foi perigosa em suas entrelinhas. As dizer que seus apoiadores estão realizando os bloqueiros por causa de um “sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”, ele não apenas valida tais movimentos – mesmo que depois tenha condenado os métodos utilizados – e questiona, mais uma vez, a confiabilidade das urnas eletrônicas.
Ao invés de simplesmente pedir para que seus apoiadores liberem as rodovias e aceitem a derrota democraticamente, como os antibolsonaristas fizeram em 2018, não contribuindo assim com fake news ou teorias conspiratórias, Bolsonaro botou mais lenha na fogueira, politizando sua justificativa – e, automaticamente, compactuando ainda mais com a polarização: “As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicam a população, como invasão propriedade, destruição do patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir”, disse.
3. “Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas Constituição”
Aqui, mais uma vez, Bolsonaro incita a polarização, referindo-se de maneira indireta a Lula e aos que são antibolsonaristas, fortalecendo assim o bolsonarismo.
Na realidade, em teoria, a atitude mais democrática que o atual presidente poderia ter tomado ele não tomou: que seria reconhecer abertamente a derrota, não colocar em cheque a efetividade das urnas eletrônicas e saudar o adversário, que venceu a disputa pelo voto da maioria.
4. “Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição”
Neste trecho do discurso, Bolsonaro também atesta nas entrelinhas que reconhece o resultado das Eleições 2022 e que vai cumprir o processo de transição que Ciro Nogueira prometeu, muito possivelmente respeitando até o momento da entrega da faixa presidencial – mesmo que a contragosto.
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Last modified: 3 de março de 2023