O cantor e compositor Erasmo Carlos faleceu aos 81 anos, no Hospital Barra D’or, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ídolo da Jovem Guarda, estava internado desde o dia 2 de novembro para tratar um quadro de paniculite complicada por sepse de origem cutânea, desencadeada por uma síndrome edemigênica, que consiste num desequilíbrio bioquímico no organismo caracterizado pelo acúmulo de líquido nos tecidos do corpo, que acabam extrapolando os vasos sanguíneos.
No final de outubro, ele tinha recebido alta após outra internação, para tratar um edema pulmonar causado pela síndrome. Chegou a circular na mídia a notícia de que ele havia morrido, mas tudo não passou de fake news. Na ocasião, Erasmo chegou a postar, bem-humorado, nas redes sociais que estava mais vivo do que nunca.
Quase um mês depois, no Dia do Músico (22 de novembro) e com shows marcados em São Paulo, Erasmo Carlos se despediu. A causa exata da morte não foi divulgada oficialmente. O velório será fechado para amigos e familiares. “Quem quiser homenageá-lo, escute suas músicas, suas mensagens. Nada o faria mais feliz e amado”, postou sua equipe no Instagram.
O rei do rock brazuca
Erasmo Carlos, Roberto Carlos e Wanderléa são os ícones da Jovem Guarda, que fez a cabeça da juventude dos anos 1960. Talvez Roberto seja ainda mais lembrado pelo gênero, mas ele não existiria se não fosse o Tremendão, responsável por algumas das principais composições do movimento ao lado de Roberto, como Splish Splash e Parei na Contramão.
O carioca, torcedor fervoroso do Vasco, foi o cérebro da Jovem Guarda, contribuindo com composições, com a sonoridade e com toda uma atitude que marcou época.
O adeus dos amigos
Roberto e Erasmo Carlos formam uma dupla tão marcante quanto Lennon e McCartney. Amigos dentro e fora dos palcos, a lista de sucessos e vivências é longa. “Minha dor é muito grande, nem sei como dizer tudo o que eu penso desse meu amigo querido, meu grande irmão”, disse Roberto nas redes sociais, em homenagem ao parceiro.
Roberto, Wanderléa e Erasmo, em foto icônica tirada para divulgar o programa Jovem Guarda, transmitido pela TV Record, nos anos 60 (Foto: Divulgação)
Larissa Manoela, que contracenou com Erasmo em Modo Avião, sucesso da Netflix, também dedicou belas palavras ao colega de cena: “Você, Erasmo, me acolheu sem nem me conhecer! Nossa troca foi preciosa. Ter sido sua neta fictícia foi um privilégio”, disse a atriz e cantora.
Quem também se pronunciou foi Rita Lee, uma fã de carteirinha do Gigante Gentil. “Meu rock’n’roller favorito”, escreveu a cantora. A viúva de Erasmo, Fernanda Passos, disse emocionada: “Perdi a capacidade de me lembrar de como era a vida sem você, talvez ela nem tenha existido… e talvez tenha sido tão simples esquecer porque a gente se acostuma facilmente com a paz”.
Um eterno sonhador
“Eu não quero mais conversa com quem não tem amor. Gente certa é gente aberta. Se o amor chamar, eu vou”, canta Erasmo Carlos na música Gente Aberta, lançada em 1971. O cantor e compositor não ganhou o apelido Gigante Gentil à toa: com seu 1.93m, o que ele tinha de tamanho, tinha também de bondade.
Foi com todo esse amor que Erasmo lançou seu último álbum, “O Futuro Percente à Jovem Gaurda”, em 2022, que venceu a categoria “Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa” do Grammy Latino deste ano, que aconteceu na última quinta-feira (17). “É tão importante entender o conceito quanto ouvir a música. Existem várias formas de amor e eu preciso de todas”, escreveu na ocasião da vitória.
Last modified: 3 de março de 2023
