O Brasil amanheceu mais triste nesta quarta-feira (9). Aos 77 anos, a cantora Gal Costa faleceu em sua casa, em São Paulo. A causa da morte não foi divulgada. O último show feito pela baiana foi no Festival Coala, em setembro, e logo depois ela passou uma uma cirurgia para retirar um nódulo nasal.
"É com profunda tristeza e o coração apertado que comunicamos o falecimento da cantora Gal Costa, na manhã desta quarta-feira, 09 de novembro, em São Paulo", informou a equipe da cantora nas redes sociais. O velório acontecerá na Assembleia Legislativa de São Paulo na sexta-feira e será aberto ao público.
Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil se manifestaram ao descobrir sobre a morte da amiga. "O Brasil que ela sempre encantou com sua voz única e magistral hoje inteiro chora(…) É triste, difícil e duro demais", falou Bethânia entre lágrimas. Chico Buarque cancelou os shows: "Sem condições emocionais".
Nascida Maria da Graça, no dia 26 de setembro de 1945, em Salvador, a baiana fez história na indústria do entretenimento. Um dos maiores nomes da música popular brasileira e símbolo da Tropicália, Gal foi trilha de novela, ganhou homenagem no Grammy Latino, levou o Prêmio Multishow e foi eleita, em 2012, pela revista Rolling Stone, a 7ª voz mais marcante do Brasil.
Mas a intérprete não usava apenas seu canto para posicionar-se como artista e brasileira. Aliás, no programa Roda Viva de 1995, a cantora disse ter uma péssima oratória. Mas nem era preciso! Gal dava seu recado nos palcos e fora deles usando a música e o corpo.
Em 1973, Gal lançou o álbum Índia, em cuja capa aparece de biquíni vermelho. Dentro, no encarte, Gal surge com os seios à mostra. As fotos foram tiradas por Antonio Guerreiro e o lançamento foi censurado pelo regime militar.
A solução da gravadora foi então embalar o disco com um plástico azul, para que pudesse ser vendido. Foi assim que Gal Costa se tornou a primeira artista brasileira a vender um vinil com embalagem lacrada.
Gal, uma das primeiras de seu tempo a se declarar bissexual, usava sua imagem feminina para lutar contra o conservadorismo e o machismo. O cabelo de Gal era política pura! Volumoso, ele simbolizava a rebeldia em meio à repressão política e social.
Com sua voz pontente e suave, forte e aveludada, a intérprete abriu caminhos para outras vozes da música popular brasileira e se transformou em referência para jovens cantoras. Como ela mesma canta no álbum A Pele do Futuro: "Sou filha de todas as vozes que vieram antes, sou mãe de todas as vozes que virão depois".
E assim será. O legado de Gal não é só musical, mas político, social e feminino.
>> Deseja receber as informações mais relevantes do Brasil e do mundo de forma descomplicada, além de curiosidades e fatos históricos, por e-mail? É fácil e rápido! Clique aqui e cadastre-se no NewsPlus. Compartilhe essa novidade para os amigos e bora se informar com qualidade! 😉
Last modified: 3 de março de 2023