A atriz Giovanna Ewbank revelou nesta terça-feira (24), em seu podcast “Quem Pode Pod”, que seu filho Bless, de 8 anos, foi diagnosticado com síndrome sensorial, uma condição que afeta os sentidos. Ela disse hoje se sentir culpada pelas vezes em que o repreendeu por expressar desconforto por coisas simples, como o cheiro de cebola ou pisar a grama.
— Diversas vezes ele passava, por exemplo, pela cozinha, e falava: “Ai, que cheiro forte!”. E eu falava: “Bless, para com isso. É frescura, filho! É o cheiro da cebola”. Quando ele pisava na grama e falava: “Me tira daqui!”. E eu falava: “Filho, para de frescura, é só grama”. Queria muito colo, não gostava de ir para o meio do mato – onde a gente vai muito porque o barulho das moscas incomodava ele — contou a atriz.
A atriz contou que, durante a pandemia de Covid-19, notou o filho “muito aéreo” e achou que ele poderia ter algum grau de autismo. Até que Bless foi diagnosticado com síndrome sensorial.
— Ele ouve mais do que nós todos, ele sente mais tato que nós todos, sente mais cheiro que todos — explicou Giovanna.
Transtorno do processamento sensorial
O Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) é definido por alterações na percepção de estímulos sensoriais. Ele aparece ainda na infância e é mais comumente identificado na escola.
Na maioria da população, o cérebro, após receber um estímulo, naturalmente “deixa de percebê-lo” após alguns segundos, para que a mente não se sobrecarregue com o turbilhão de estímulos existentes num mesmo ambiente. No TPS, contudo, o cérebro não filtra e organiza esses estímulos da mesma maneira.
Pessoas com o transtorno podem ter super ou sub-responsividade aos estímulos sensoriais. No primeiro caso, os estímulos permanecem em primeiro plano na atenção do indivíduo continuamente, trazendo incômodo. No segundo caso, a percepção dos sentidos fica comprometida, de modo que o cérebro fica menos sensível aos estímulos. O distúrbio pode afetar um sentido, como audição, tato ou paladar, ou vários.
De acordo com uma revisão científica feita pelas faculdades de Medicina e de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o transtorno atinge entre 5% e 16% da população e pode ou não estar associada a alguma patologia já diagnosticada. O TPS ainda não é considerado um distúrbio psiquiátrico.
Os sintomas de TPS incluem, no caso da hipersensibilidade, incômodo com sons comuns, baixo limiar de dor, sensibilidade à luz e resistência a abraços ou toques repentinos. No caso da sub-responsividade, o transtorno traz alto limiar de dor, dificuldade de reconhecer a medida de sua própria força física e impulso de tocar coisas o tempo todo.
Diagnóstico e tratamento
O TPS pode vir associado a diagnósticos específicos, como a síndrome de Down e o autismo, ou aparecer sozinho. O diagnóstico é clínico e pode envolver testes conduzidos por profissionais especializados.
O tratamento mais indicado é a terapia ocupacional, que se vale da abordagem de integração sensorial para ajudar a criança a organizar as sensações. A intervenção é de médio ou longo prazo, quando está associada a outros diagnósticos, e é fundamental para o desenvolvimento saudável da criança.
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Last modified: 3 de março de 2023
