As chuvas que caíram no Litoral Norte de São Paulo no fim de semana resultaram em pelo menos 49 mortes. Segundo Defesa Civil, 38 pessoas seguem desaparecidas.
O temporal representou o maior volume de chuva já registrado no Brasil, maior até mesmo do que as chuvas em Petrópolis em fevereiro de 2022. Cada vez mais frequente, a ocorrência desse tipo de fenômeno ameaça sobretudo populações residentes em regiões de encosta, sujeita a deslizamentos de terra.
Diante disso, o que especialistas dizem que deve ser feito para evitar novas tragédias?
O diretor do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), Osvaldo de Moraes, disse à CNN que a “instalação de sirenes e a contenção de áreas propícias a efeitos geodinâmicos” são maneiras simples de evitar vítimas fatais em eventos extremos.
Já a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse ser “urgente adaptar nossa infraestrutura para assegurar a resiliência de populações mais vulneráveis”.
Além de mapear as áreas de risco, é preciso crias políticas habitacionais, uma vez que toda essa questão também é sobre moradia, que é um direito básico.
“Com as mudanças climáticas, a tendência é que esses desastres aumentem, mas isso não é culpa da chuva e, sim, porque houve um processo histórico que levou e continua levando as pessoas para áreas mais vulneráveis”, explica Isadora Guerreiro, professora na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, para a BBC.
Há quem diga, inclusive, que o descaso em relação a habitantes de regiões de encosta em locais pobres – e as consequentes tragédias causadas pelas chuvas na vida dessas pessoas – é uma forma de racismo ambiental.
A jornalista Mariana Belmont argumenta, na coluna “Desigualdades”, da Folha de S. Paulo, que o bairro de Perdizes, na capital paulista, é um exemplo de área construída sobre morros que não desliza a cada tempestade, “graças aos investimentos em infraestrutura feitos pela prefeitura”. Trata-se de uma região de classe média alta, frisa ela.
Especialistas também vêm alertando que, no caso do Litoral Norte de São Paulo e de outras regiões litorâneas do Sudeste, a concentração de famílias de baixa renda em locais mais suscetíveis a deslizamentos é mais um resultado de um processo de especulação imobiliária deflagrado nas últimas décadas.
Depois das chuvas do fim de semana, o governo Lula anunciou que priorizará a região na construção de moradias do Minha Casa, Minha Vida. O programa recebe críticas, contudo, por prever a instalação de casas em locais muito distantes dos centros urbanos, sem integração com as demais partes da cidade. Especialistas ponderam que, para proteger a população de novos desastres nessas regiões, o Minha Casa, Minha Vida precisa ser remodelado.
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Last modified: 8 de março de 2023