“Você será um herói nacional”, disse o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) ao senador Marcos do Val (Podemos-ES) por WhatsApp após uma reunião secreta que tiveram com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), no fim de 2022. O encontro, organizado por Silveira, tinha o objetivo de pressionar Do Val a contribuir com um golpe de Estado e anular o resultado das eleições presidenciais – ao menos foi isso que o senador relatou à imprensa nesta quinta-feira (02).
A proposta de Silveira era que Do Val se aproximasse do presidente do TSE Alexandre de Moraes, cujo gabinete o senador costumava frequentar, e gravar possíveis falas que pudessem comprometer o magistrado e, por consequência, o sistema eleitoral brasileiro.
Do Val teria pedido um tempo para pensar na ideia, segundo ele próprio conta. Três dias depois, no entanto, foi ao gabinete de Moraes para informar da oferta que recebera.
O plano, obviamente, foi malfadado – apesar dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro. Mas ainda há muitos pontos do relato de Do Val a esclarecer. O principal deles é: qual foi o objetivo da denúncia?
A volta do que não foi
Ao levar a denúncia a jornalistas, pela manhã, o senador anunciou sua renúncia. Mas horas depois – e após uma reunião com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) -, Do Val recuou. Segundo Do Val, Flávio o teria convencido a permanecer no cargo.
Nas várias entrevistas que concedeu sobre o tema ao longo do dia, Do Val mudou também sua versão sobre o encontro com Silveira e Bolsonaro. Em entrevista à Veja e à GloboNews, o senador disse que Bolsonaro tinha tentado coagi-lo a participar do golpe. Depois, voltou atrás e falou que, na realidade, tudo foi planejado por Daniel Silveira, e que Bolsonaro só ouviu a proposta e assentiu. Outros detalhes também sofreram alterações.
Flávio Bolsonaro se manifestou e também jogou a culpa em cima do ex-deputado. Ele confirmou que o pai participou das reuniões noticiadas, mas garantiu que “nenhum tipo de crime” foi cometido.
CPI à vista?
As diferentes versões relatadas por Do Val para o encontro, bem como o recuo da decisão de renunciar, levantaram suspeitas entre políticos e jornalistas.
Há quem pense que essa movimentação toda não passa de uma cortina de fumaça com dois focos: provocar a suspeição de Alexandre de Moraes no julgamento dos atos de 8 de janeiro e promover a abertura de uma CPI contra o governo Lula, para de alguma forma relacionar o nome do presidente eleito à invasão dos Três Poderes.
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Last modified: 3 de março de 2023