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Written by 14:03 manual, Mundo

Um ano da Guerra na Ucrânia: quais são as chances de uma 3ª Guerra Mundial?

No dia 24 de fevereiro de 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que daria início a uma “operação militar especial” no leste da Ucrânia, mais precisamente na região de Donbass. A razão? Geopolítica purinha. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que reúne países do Ocidente, estava avançando sobre o Leste Europeu, e Putin ficou com medo de que a Ucrânia pudesse se valer de sua localização estrategicamente próxima à da Rússia para favorecer potências ocidentais, como os Estados Unidos.

Como resposta, o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky deu seu recado: “Se alguém tentar tomar nossa terra, nossa liberdade, nossas vidas… Nós vamos nos defender”.

Foi neste contexto que a guerra entre Rússia e Ucrânia começou e, nesta sexta-feira (24), ela completa um ano – bem longe do fim. 

Por que a Ucrânia é importante para a Rússia?

Esta é talvez uma pergunta que você pode continuar se fazendo depois de todo esse tempo. Acontece que, durante a Primeira e a Segunda Guerra, a Ucrânia, que faz fronteira com o lado ocidental da Rússia, foi uma proteção extra para o país, uma vez que os inimigos precisavam percorrer longos quilômetros para conseguir atacar os russos. Ou seja, a Ucrânia funciona como um escudo para a Rússia e sua aderência à Otan significaria o fim dessa “zona de segurança”, facilitando assim que inimigos políticos atacassem com mais facilidade o país. 

É importante considerar também as afinidades históricas e culturais entre a Ucrânia e a Rússia, que se originaram do antigo povo rus. Essa associação é usada por Putin para justificar a ideia de que os dois países são um mesmo povo. O rompimento entre as nações significaria, portanto, um impacto sobre a própria identidade russa.

Por último, há um fator pessoal na guerra anunciada por Putin. O presidente russo falhou repetidamente ao tentar estabelecer em Kiev um líder pró-Rússia – uma frustração que, segundo especialistas, nunca foi propriamente superada.

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Há chances reais de a Ucrânia entrar para a Otan?

O ministro da Defesa da Ucrânia já chegou a dizer que, nesse contexto de guerra, o país já faz parte da Otan. No entanto, não há uma oficialização desse acordo – e talvez ela não ocorra tão cedo.

Especialistas afirmam que, se isso acontecer, as tensões podem se acirrar e culminar num conflito maior. Segundo a própria Rússia, a entrada da Ucrânia para a Otan significaria o início da 3ª Guerra Mundial. 

Contudo, ainda de acordo com os especialistas, as chances de uma nova Grande Guerra são remotas. Embora cooperem com a Ucrânia com armas e apoio político, os países ocidentais já recusaram a ideia de entrar em conflito direto contra a Rússia em território ucraniano.

Segundo o presidente dos EUA, Joe Biden, a Guerra Mundial só aconteceria em caso de confronto direto entre a Rússia e a Otan – o que não ocorreu até agora.

Esta não é a primeira vez que Rússia e Ucrânia brigam, viu? O histórico é de tensão. 

Em 1991, com a derrocada da URSS, a Ucrânia oficializou sua independência. O flerte do país com a Otan começou há cerca de dez anos. Nesse período, os russos fizeram várias investidas militares na região. Em 2014, após cinco anos de conflitos, a Rússia anexou a Crimeia, uma península autônoma no sul da Ucrânia.

Quem está do lado de quem?

Enquanto a Ucrânia conta com o apoio dos países da Otan, Rússia tem como aliados países como Belarus, Síria, Venezuela, Cuba e Nicarágua. 

Outras nações se mantém neutras, como a China, que tem uma boa relação diplomática com a Rússia, mas não quer tomar partido e se posicionar contra os EUA, por questões estratégicas. 

E o Brasil nesta história toda?

O Brasil também é uma nação que permanece neutra diante do confronto. Durante visita de Lula aos EUA, Joe Biden até tentou cavar um posicionamento do presidente brasileiro em prol da Ucrânia, mas não conseguiu. Na ocasião, Lula deixou claro que “era preciso parar de atirar, senão não tem solução”. 

No final de janeiro, após reunião com o chanceler alemão Olaf Scholz, Lula enviou uma proposta de paz à Rússia. O país garante que está analisando o texto. 

Nesta quinta-feira (23), Mikhail Galuzin, vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, disse que “valoriza a posição de equilíbrio do Brasil na atual situação internacional” e que admira a “postura soberana” do país diante da pressão dos EUA para que o governo brasileiro envie armas, equipamentos militares e munição para Kiev. 

Quando o conflito deve acabar?

De um lado, a Rússia pede que a Ucrânia cesse a ação militar e não firme pacto com a Otan, tentando, aos poucos, anexar mais territórios. Do outro, a Ucrânia diz que está fazendo tudo isso para defender sua terra. Ou seja, não há perspectiva de fim. 

Recentemente, Vladimir Putin suspendeu temporariamente o último acordo bélico que o país tinha com os EUA, ameaçando fazer novos testes nucleares, caso queira.

Por ora, a possibilidade de uma guerra nuclear é mínima, apesar das constantes ameaças. A principal estratégia russa é minar a infraestrutura ucraniana, ou seja, deixar o país vizinho sem gás natural, sem alimentos e com um grande número de desabrigados, o que resulta num êxodo em massa. Não à toa, mais de 6 milhões de pessoas já deixaram a Ucrânia. É a pior crise de refugiados da Europa de todos os tempos.

Last modified: 4 de abril de 2023
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