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Written by 12:55 Mundo

Brasileira vítima de xenofobia nos EUA desabafa: ‘Não consigo mais dormir’

Raíssa Garcia, brasileira vítima de xenofobia nos EUA (Foto: O GLOBO)

No dia 29 de março, a brasileira Raíssa Garcia, de 36 anos, parou no semáforo de uma das muitas ruas de Framingham, em Massachusetts, nos EUA, onde mora. No carro ao lado, ela começou a ver uma mulher gesticulando e, a princípio, imaginou que estivesse falando no celular via bluetooth. Acontece que a mulher abaixou o vidro e começou a disparar ofensas para Raíssa. “Volte para o seu país! Aqui é América!”, disse a mulher de 45 anos, identificada como Michelle Milburn.

A americana manobrou o veículo e interceptou a passagem de Raíssa, que saiu do carro para filmar a placa do automóvel. Foi quando Michelle seguiu a pé em sua direção. “Ela encostou no meu rosto, me enforcou e me deu dois murros na cara de mão fechada”, disse a brasileira, que relatou que a mulher transmitiu todo o ataque para o filho, em uma chamada de vídeo. O menino gritava desesperadamente e pedia para a mãe parar. Cerca de 50 pessoas presenciaram o ataque, mas ninguém acionou a polícia.

Após a agressão, Michelle Milburn deixou o local do crime e Raíssa ligou para as autoridades, que chegaram em poucos minutos. A americana foi presa, mas solta no dia seguinte, após pagar fiança. “Nada vai acontecer comigo! Eu sou americana”, disse durante o atentado.

Em entrevista para O GLOBO nesta terça-feira (4), a brasileira vítima de xenofobia nos EUA desabafou sobre o episódio. “Estou toda machucada porque, além de tudo, também sofro de fibromialgia crônica”, disse.

Raíssa, que se diz tomada por uma sensação de impotência, ainda revelou que está sofrendo crises de pânico: “Minha vida não está normal. Ando na rua sentindo que tem alguém me vigiando e falando alguma coisa e, desde aquele dia, não consigo dormir mais“.

Em cinco anos morando nos EUA, Raíssa Garcia, que é mãe solo com dois filhos, nunca havia sido vítima de algo do tipo. Os ataques xenofóbicos se estenderam às redes sociais. “Uns falavam que provoquei a situação, outro dizia que eu deveria ter apanhado até morrer”, contou a brasileira.

“Ela julgou que eu não era americana. Ela não esperou eu trocar uma palavra sequer. Por que ela chegou a essa conclusão? Por que o meu cabelo é escuro? Por que eu tenho traços indígenas? Sou descendente de índios, sou do Brasil. Tenho muito orgulho de ser brasileira e de ter conseguido chegar sozinha nesse país com dois filhos. Isso ela não vai conseguir tirar de mim“, garantiu.

Tags:, , Last modified: 5 de abril de 2023
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