O Centro de São Paulo ganhou um novo prédio de habitação popular, que estava ocupado por movimentos sociais desde 2010. A nova fachada exibe uma pintura, assinada pela artista Pri Barbosa, em que Elza Soares segura uma chave. Ao lado da figura da cantora, os dizeres “Nenhuma mulher sem casa”.
A ilustração não é aleatória. O edifício era originalmente o endereço do luxuoso hotel Lord Palace, inaugurado em 1958. Apesar do nome icônico e de ter hospedado famosos, o negócio foi perdendo força e, nos anos 2000, fechou as portas. Em 1964, Elza e seu marido, o jogador de futebol Mané Garrincha, foram impedidos de se hospedar no hotel após serem vítimas de racismo. “Entendiam Elza Soares e Garrincha que o porteiro estava lhes recusando aposentos somente por preconceito de cor”, descreve reportagem publicada na época pela Revista do Rádio.
Após ser reconhecido pelo poder público como um local vocacionado para a habitação popular – desfecho que resultou de uma longa luta dos movimentos populares -, o prédio foi reformado. Os 30 apartamentos do antigo hotel viraram 176.
Para Pri Barbosa, a imagem da cantora é “um símbolo de passagem desse lugar para as diversas mulheres que finalmente o chamarão de lar”.
Tags:Elza Soares, Racismo Last modified: 17 de abril de 2023