A Polícia Civil de São Paulo está investigando o Instituto de Vivências Xamânicas Xamanismo Sete Raios por suspeita de tráfico internacional de droga, por fazer uso do veneno do sapo Bufo alvarius para realizar rituais de cura espiritual.
O inquérito foi aberto após denúncias de alguns participantes, como a advogada Gabriela Augusta Silva, que usou o “bufo” em 2021 e pagou R$ 1.300 pelo ritual individual completo.
Gabriela disse que inalou a substância, desmaiou, ficou fora do ar por 30 minutos, recobrou a consciência, mas nunca mais foi a mesma. “Eles manipulam pessoas, dão um tom de religiosidade nesses rituais e anunciam essas curas”, apontou Auro Jayme, advogado da vítima, que também acusa o grupo de charlatanismo.
A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos informou que “o uso de substâncias alucinógenas como a 5-MeO-DMT, retirada do sapo Bufo alvarius, é crime” no Brasil. Quem investiga o caso é o Departamento de Investigações sobre Narcóticos. A droga, muito provavelmente, vem do México, onde o “bufo” é legalizado.
Assim como Gabriela, outros participantes disseram que não foram informados sobre a ilegalidade da substância no país, que não assinaram nenhum tipo de termo de responsabilidade nem tiveram acompanhamento antes, durante ou após a sessão.
A inalação do veneno do Bufo alvarius pode piorar quadros de depressão, desencadear crises de ansiedade, problemas cardiovasculares e respiratórios, e causar surtos suicidas.
Especialistas garantem que esses tipos de substância não causam overdose nem dependência, mas que há grupos de risco. “Nada é seguro para todo mundo, nada é para todo mundo”, explica o professor Dráulio Araújo ao g1.
O Instituto de Vivências Xamânicas Xamanismo Sete Raios diz que está sendo alvo de uma “lamentável perseguição religiosa e que essa atitude criminosa será oportunamente denunciada à Justiça”. O grupo esclareceu que, em 2019, realmente trabalhou com um líder espiritual mexicano que fazia uso do “bufo”, mas que, na época, não tinha conhecimento da discussão acerca legalidade do Bufo Alvarius no Brasil. “Após esses encontros e o aprofundamento do estudo sobre a substância, o Instituto não teve mais qualquer associação a rituais como esses. É fundamental esclarecer que alguns membros do Instituto, de forma independente, deram continuidade aos estudos e rituais individuais”, pontuou o grupo, se eximindo de qualquer possível culpa.
Tags:Espiritualidade Last modified: 22 de maio de 2023