Morreu na noite desta segunda-feira (8) a cantora e compositora Rita Lee, aos 75 anos, em sua casa, em São Paulo, “cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”. A notícia foi confirmada pela família na manhã desta terça (9).
Conhecida como a padroeira da liberdade, Rita foi uma das maiores artistas da música brasileira e da história do rock. Irreverente, autêntica, criativa e completa, ela costumava dizer que rock’n’roll não se faz apenas com culhões, mas também com útero e ovários.
Em 2021, a cantora foi diagnosticada com câncer de pulmão e venceu a doença em abril de 2022. Muito debilitada, ela sofreu uma internação de emergência em fevereiro deste ano e recebeu alta uma semana depois. A causa da morte não foi revelada. O velório acontecerá no Planetário do Parque Ibirapuera, nesta quarta-feira (10), das 10h às 17h, e será aberto ao público.
O local não foi escolhido de forma aleatória. Rita sempre teve uma relação especial com o espaço sideral e as estrelas, e dizia ter tido contatos com extraterrestres. Seu sonho sempre foi ser abduzida por um disco voador.
Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947, e aos 16 anos formou sua primeira banda, um vocal feminino chamado Teenage Singers – mas foi aos 19 que ganhou fama, ao integrar a banda Os Mutantes ao lado dos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias.
Fundamental para o movimento tropicalista, o grupo foi apadrinhado por Ronnie Von e acompanhou Gilberto Gil no 3º Festival de Música Popular Brasileira da Record, em 1967, na icônica apresentação de Domingo no Parque.
Em 1970, Rita Lee lançou seu primeiro álbum solo, o “Build Up”, após saída conturbada d’Os Mutantes e o fim do seu relacionamento com Arnaldo, com quem havia se casado puco tempo antes. Ela, inclusive, chegou a rasgar sua certidão de casamento no Programa Hebe Camargo, em 1972, como protesto aos costumes machistas e ultrapassados da época, à únião nada saudável do casal e ao fato dela ter sido expulsa dos Mutantes.
Em 1973, Rita se juntou à Lucinha Turbull, considerada a primeira guitarrista do Brasil, e lançou o álbum “Cilibrinas Do Éden”, que contou com a participação da banda Tutti Frutti, que, dois anos depois, em 1975, participou das gravações de “Fruto Proibido”, um dos discos mais importantes da carreira de Rita e da história da música brasileira.
No ano seguinte, outro marco para a vida e carreira da artista: o encontro com Roberto de Carvalho, intermediado por Ney Matogrosso, o cupido do casal.
Rita e Roberto ficaram juntos por 46 anos, e protagonizaram uma das histórias de amor mais bonitas de todos os tempos, regada a muito companherismo e rock’n’roll. A dupla, “teleguiada pela paixonite”, eternizou sucessos como Doce Vampiro, Lança-Perfume, Baila Comigo, Nem Luxo, Nem Lixo e Flagra. Rita e Roberto lançaram cinco álbuns e tiveram três filhos (João, Antônio e Beto).
“É aquela velha história: enquanto a gente faz planos e acha que sabe de alguma coisa, Deus dá uma risadinha sarcástica”, diz Rita em prefácio de seu novo livro, Rita Lee: Outra Biografia, com lançamento marcado para 22 de maio. E é assim mesmo… Mas a nossa Ovelha Negra fez história com Esse Tal de Roque Enrow e Arrombou a Festa de gerações com esse Caso Sério que ela tinha com a música, a vida e o feminino. Ela ganhou o título de Rainha do Rock, apesar de achá-lo cafona, e virou símbolo de resistência do movimento feminista por desafiar os chamados “bons costumes”. Não à toa, ela foi a artista brasileira mais censurada durante a Ditadura Militar.
Viva Rita Lee Jones!
Tags:Música, Rita Lee Last modified: 9 de maio de 2023