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Written by 22:28 Política

Alvo da PF repassou R$ 550 mil a empresa que fez casa de assessor de Lira

A Polícia Federal está conduzindo uma investigação sobre possíveis desvios em contratos para a compra de kits de robótica financiados pelo governo federal. Durante as investigações, foi descoberto que o empresário Edmundo Catunda transferiu a quantia de R$ 550 mil para a empresa responsável pela construção da residência de Luciano Cavalcante, seu sócio na Megalic, empresa suspeita de desvio de dinheiro público. As informações da Folha de S. Paulo.

Luciano Cavalcante é um importante colaborador de Arthur Lira, atual presidente da Câmara dos Deputados, e ocupa um cargo na Liderança do PP na Câmara. Ele é conhecido em Brasília como uma das pessoas de maior confiança de Lira e costuma acompanhá-lo em diversas agendas e viagens. A investigação, denominada operação Hefesto, visa apurar os crimes de fraude em licitação e lavagem de dinheiro nos contratos de kit de robótica financiados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Segundo informações obtidas pela Polícia Federal, Catunda repassou R$ 550 mil para a Construtora EMG, responsável pela construção do condomínio onde está localizada a residência de Cavalcante. Além disso, registros indicam que a conta de energia elétrica da casa ainda está em nome da EMG. Os pagamentos à construtora ocorreram entre abril e outubro de 2020, período em que ocorriam licitações para a contratação de kits de robótica.

A PF está investigando se existe alguma relação entre os repasses feitos pelo sócio da Megalic à EMG e os desvios nos contratos. A operação Hefesto teve início a partir de uma reportagem publicada pela Folha em abril do ano passado, que revelou a conquista dos contratos pela Megalic para a compra de kits de robótica destinados a escolas de pequenas cidades de Alagoas. Essas cidades enfrentam diversas deficiências de infraestrutura básica, como falta de salas de aula, computadores, internet e água encanada.

A partir das informações obtidas na reportagem, a Polícia Federal mapeou as transações da Megalic e chegou a um casal proprietário de pelo menos quatro empresas em Brasília, suspeitas de serem empresas de fachada. Durante o monitoramento do casal, os investigadores descobriram uma rotina de saques em dinheiro em espécie em agências bancárias, seguidos de entregas em Brasília e outras cidades.

Na última operação realizada, o casal foi preso e foram realizadas buscas nos endereços da Megalic, bem como contra Cavalcante e Catunda. A PF também monitorou uma situação em janeiro de 2023, em que o casal de operadores de Brasília foi flagrado indo até a casa de Cavalcante. Os investigadores levantaram informações sobre a residência e descobriram que ela pertence a Cavalcante e está localizada no condomínio Laguna, construído pela EMG. Ao cruzar essas informações com as transações financeiras, a PF identificou a relação entre a construtora e a Megalic, principal alvo da operação.

A defesa de Luciano Cavalcante, representada pelo advogado André Callegari, está analisando os fatos e afirma que as imagens mencionadas não comprovam qualquer atividade ilícita por parte de Cavalcante. A Megalic, por meio do advogado Eugênio Aragão, alega que há um grave equívoco nas suspeitas da PF e que todos os contratos foram realizados com base nos parâmetros técnicos do Ministério da Educação e do FNDE, seguindo processos licitatórios e uma ampla competição.

Tags: Last modified: 4 de junho de 2023
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