O programa Bolsa Família, que passou por um relançamento recente, voltou a enfrentar uma fila de espera, contrariando a expectativa do governo de mantê-la zerada até o final do ano, informa a Folha de S. Paulo. Em maio, cerca de 438 mil famílias tiveram o cadastro aprovado, mas não receberam o benefício. Esse cenário vai de encontro à meta estabelecida após a injeção de R$ 70 bilhões no programa por meio de uma proposta de emenda à Constituição aprovada pelo Congresso Nacional.
No início da nova fase do programa, em março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a fila zerada em uma cerimônia no Palácio do Planalto. No entanto, logo em seguida, a fila voltou a crescer. As famílias que aguardam na lista de espera já tiveram seus documentos analisados e aprovados pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, cumprindo os requisitos para receber o benefício.
Apesar de o ministério não ter esclarecido as razões para a não inclusão dessas famílias no programa, divulgou uma nota informando que o prazo médio para a entrada de novos beneficiários está em torno de 70 dias. Para famílias vulneráveis, como indígenas e quilombolas, o prazo é de 45 dias. A redução de R$ 7 bilhões na projeção de gastos com o programa, anunciada pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, refletiu a expectativa de exclusão de famílias que não são elegíveis para o benefício.
Segundo o economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social, o processo de pente-fino nos cadastros, após um período eleitoral de concessões intensas, tem impactado a operacionalização do programa. Ele destaca que é importante ser cuidadoso tanto na exclusão de famílias irregulares quanto na inclusão de novos beneficiários. Neri também ressalta que a manutenção do valor mínimo de R$ 600 por família prejudica a focalização do programa e não otimiza seu potencial para redução da pobreza.
Tags:Bolsa Família, Lula Last modified: 4 de junho de 2023