O coronel de artilharia do Exército Jean Lawand Júnior depôs na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro e afirmou que nunca pediu por ruptura institucional, mas sim por uma ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro para “apaziguar” o país após as eleições de 2022. Lawand teve suas conversas interceptadas pela Polícia Federal, que investigava possíveis tentativas de golpe envolvendo oficiais de alto escalão das Forças Armadas.
As mensagens coletadas mostraram que Lawand pediu a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, que transmitisse seus apelos a Bolsonaro para a aplicação de um golpe de Estado a fim de evitar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, Lawand alegou que suas conversas eram de natureza privada e que a “ordem” mencionada visava apenas apaziguar a situação no país.
Em outras mensagens interceptadas, Lawand afirmou que, se Bolsonaro encontrasse resistência no alto comando do Exército, haveria adesão total nas patentes mais baixas caso ele desse a ordem. No entanto, o coronel afirmou na CPMI que foi infeliz em suas falas, pois era um oficial “simples” e não tinha contato com o alto comando.
Durante o depoimento, Lawand foi confrontado pela relatora Eliziane Gama sobre qual grupo militar estaria do lado da legalidade. Ele admitiu que suas colocações foram infelizes e que não tinha informações sobre o alto comando. A relatora expressou descontentamento com as respostas do coronel, exigindo respeito e destacando a incompatibilidade entre suas colocações e o conteúdo das mensagens.
O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia, afirmou que a sessão com Lawand foi a mais difícil até o momento, alegando que o convocado mentiu, embora não pudesse provar. Maia também expressou incômodo com o depoimento do coronel e ressaltou que seu comportamento não representa a imagem do Exército brasileiro.
As trocas de mensagens entre Lawand e Cid ocorreram entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, e Lawand reconheceu no final que não haveria ordens de Bolsonaro, demonstrando frustração. Durante o depoimento, ele não conseguiu explicar quem seriam os “bandidos” mencionados nas mensagens. Lawand é formado pela Academia Militar das Agulhas Negras e recebeu condecorações durante o governo Bolsonaro.
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