Morre Astrud Gilberto, ícone da Bossa Nova, aos 83 anos

Nesta segunda-feira (5), morreu a cantora e compositora Astrud Gilberto, aos 83 anos, ícone da Bossa Nova. Desde o início de sua carreira, ela obteve sucesso com sua primeira gravação, a versão em inglês de “Garota de Ipanema”, que se tornou conhecida internacionalmente como “Girl from Ipanema”.

Astrud morreu em sua residência na Filadélfia. Seu corpo será cremado nos Estados Unidos.

A artista deixou para trás dois filhos e duas netas. Sofia Gilberto, uma de suas netas, compartilhou uma mensagem nas redes sociais em homenagem à avó, dizendo: “A vida é bela, como diz a música, mas é com tristeza que venho dar a notícia de que minha avó se tornou uma estrela hoje e está ao lado do meu avô João Gilberto”.

Adriana Magalhães, nora de Astrud, relatou que ela faleceu em sua amada casa, onde costumava pintar seus quadros. A residência é repleta de suas obras de arte, mil pinturas. Astrud partiu da forma como preferia, em paz. Ela foi um grande exemplo artístico para suas netas e filhos, sendo uma artista polivalente, que cantava, compunha e pintava. Sua influência pode ser vista em Sofia, que segue os passos da avó, envolvendo-se com pintura, composição e canto.

A família afirmou que Astrud teve um mal-estar digestivo em casa e, pouco tempo depois, faleceu devido a problemas cardíacos.

Astrud Evangelina Weinert nasceu em Salvador, no ano de 1940, e quando ainda era criança, mudou-se com sua família para o Rio de Janeiro, onde cresceu. Ela sempre teve interesse pela música. Em 1959, casou-se com João Gilberto, adotando seu sobrenome.

No Rio de Janeiro, Astrud participou de apresentações ao lado de seu marido e de outros artistas, como Nara Leão, Johnny Alf e Elza Soares. Uma dessas apresentações foi “A noite do amor do sorriso da flor”, realizada no anfiteatro da Faculdade de Arquitetura da UFRJ, em 1960. A cidade teve influência na musicalidade e no trabalho de Astrud.

Em 1963, já morando em Nova York, ela participou do álbum “Getz/Gilberto”, de João Gilberto e do saxofonista Stan Getz, com arranjos de Tom Jobim.

Esse álbum foi um grande sucesso, conquistando o Grammy de Álbum do Ano e de Gravação do Ano, com a música “Garota de Ipanema”, em 1965. Astrud chegou a concorrer na categoria de artista revelação, perdendo para os Beatles, e na categoria de Melhor Performance Feminina, perdendo para Barbra Streisand.

Apesar da separação de Astrud e João Gilberto pouco depois do álbum que a consagrou internacionalmente, a intérprete continuou sua carreira com apresentações no Brasil e no exterior.

Ela realizou uma série de turnês internacionais, levando a musicalidade brasileira para diferentes partes do mundo. Ao longo do tempo, o trabalho de Astrud se tornou cada vez mais autoral.

Em abril de 2002, Astrud Gilberto foi indicada para o “International Latin Music Hall of Fame”.

Sua influência nas novas gerações pode ser observada no reconhecimento feito pela cantora Billie Eilish, que a apontou como uma de suas principais influências.