Cientistas sugerem Lago Crawford, no Canadá, como marco do início do Antropoceno; entenda

Cientistas propuseram o lago Crawford, no Canadá, como o marco do início do Antropoceno, a era dos humanos. O lago possui características que o tornam um ponto de referência para entender a nova era geológica proposta, que é marcada por mudanças no planeta causadas pela atividade humana. A sugestão foi feita por pesquisadores do Grupo de Trabalho do Antropoceno (AWG, na sigla em inglês), durante uma conferência conjunta com a Sociedade Max Planck em Berlim.

O lago Crawford, localizado na província de Ontário, precisa ainda ser aprovado por outras instituições científicas em três votações, com pelo menos 60% de aprovação, para se tornar o marco oficial do Antropoceno. Definir o Antropoceno é entender a extensão e profundidade da atividade humana no planeta, um tema cada vez mais relevante nos debates sobre mudanças climáticas e transição energética.

Além do significado científico, a definição do Antropoceno tem uma dimensão simbólica, pois coloca em destaque os danos causados pela humanidade à Terra. A sugestão do lago Crawford é resultado de mais de uma década de pesquisa, que avaliou 12 locais ao redor do mundo, como recifes de coral na Austrália, gelo na Antártida e uma caverna na Itália, buscando o ponto de referência perfeito para comparar as mudanças ocorridas.

O lago Crawford é do tipo meromítico, com camadas de água que não se misturam, e as amostras de solo coletadas no fundo do lago revelaram vestígios de atividades de antigas comunidades indígenas, colonizadores, indústrias e testes nucleares. Os testes realizados nas amostras do solo levaram à escolha do ano de 1952 como marco inicial do Antropoceno, devido à detecção de traços de testes nucleares e alta atividade industrial global nesse período.

As descobertas relacionadas ao Antropoceno, incluindo as análises feitas no lago Crawford e na Bahia, Brasil, onde foram encontradas concentrações de Césio-137 depositado no fundo do Atlântico Sul, serão apresentadas no documentário “A Era dos Humanos”, que será lançado em setembro. O documentário destaca os impactos da atividade humana na degradação ambiental, como queimadas, desmatamento e garimpo, e é conduzido por pesquisadores do Instituto Oceanográfico da USP.