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Written by 00:12 Política

CPMI 8/1: Cid chega fardado, se esquiva de acusações e fica em silêncio

O tenente-coronel Mauro Cid, principal ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, compareceu à CPI do 8 de janeiro para prestar depoimento, mas anunciou que usaria seu direito de permanecer em silêncio devido às investigações criminais em que está envolvido. Ele mencionou ser investigado em oito casos diferentes e afirmou ter sido orientado a usar seu habeas corpus para se manter em silêncio. O presidente da comissão, deputado Arthur Maia, planeja acionar o Supremo Tribunal Federal contra essa decisão, alegando que Cid deveria responder às perguntas que não o incriminassem. A sessão durou cerca de oito horas.

Cid explicou que as investigações em que está envolvido vão além dos acontecimentos de 8 de janeiro, data em que ocorreu o ataque às sedes dos três Poderes. Ele também mencionou outros questionamentos que não poderiam ser respondidos devido ao respeito ao Poder Judiciário, pois está formalmente investigado. O Exército informou que orientou Cid a comparecer fardado à CPI, argumentando que o militar da ativa foi convocado para tratar de assuntos relacionados à sua função designada pela Força.

Antes do depoimento, a CPI quebrou o sigilo telemático de Cid e solicitou informações ao Coaf sobre suas atividades financeiras. A Polícia Federal identificou depósitos e saques em dinheiro vivo relacionados a pagamentos de contas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Durante a sessão, Cid tentou minimizar seu papel como ajudante de ordens do ex-presidente, alegando que não era sua função analisar propostas levadas a Bolsonaro.

Além das investigações relacionadas ao ataque de janeiro, Cid é investigado por outras questões, como recebimento de joias presenteadas pela Arábia Saudita, pagamentos do ex-presidente e da ex-primeira-dama, vazamento de inquérito sigiloso, divulgação de fake news, envolvimento com milícias digitais e participação em atos antidemocráticos em 2019. Durante o depoimento, ex-integrantes do governo Bolsonaro saíram em defesa de Cid. O deputado Alexandre Ramagem afirmou que a última missão do ajudante de ordens com Bolsonaro foi uma viagem aos Estados Unidos.

O depoimento também foi marcado por uma acusação de homofobia contra o deputado Abílio Brunini. Os senadores Rogério Carvalho e Soraya Thronicke afirmaram que Brunini fez comentários ofensivos à deputada Erika Hilton durante sua fala. Houve pedidos para que o presidente da comissão tomasse uma atitude em relação a Brunini, mas ele anunciou que a Polícia Legislativa analisaria as imagens antes de tomar uma decisão. Na volta do intervalo, Brunini negou ter sido transfóbico e afirmou que seu comentário foi baseado no comportamento da deputada durante a sessão.

Deputada é vítima de LGBTfobia

Durante a sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, o deputado Abilio Brunini, do PL-MT, fez um comentário considerado LGBTfóbico contra a deputada Erika Hilton, do PSOL-SP. Segundo relatos do senador Rogério Carvalho, Brunini afirmou que Hilton estava “oferecendo serviços” durante seu discurso. A declaração gerou indignação e levantou acusações de transfobia no ambiente da CPI.

Diante da gravidade do ocorrido, o presidente da CPI, deputado Arthur Maia, decidiu acionar a Polícia Legislativa para investigar o caso e verificar se houve a prática de crime de homofobia por parte de Abilio Brunini. A senadora Soraya Thronicke, que estava próxima à cena, confirmou o teor LGBTfóbico da fala.

Erika Hilton reagiu às provocações afirmando que as tentativas de ataques transfóbicos durante a sessão demonstravam o desespero daqueles que atentaram contra a democracia. A deputada explicou que sua resposta ao comentário de Brunini sobre “tratar sua carência em outro espaço” não se tratava de uma referência à sexualidade do deputado, mas sim de seu comportamento na CPI.

Tags:, , , , , Last modified: 12 de julho de 2023
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