O renomado dramaturgo, diretor, ator e encenador José Celso Martinez Corrêa, conhecido como Zé Celso, faleceu aos 86 anos nesta quinta-feira, na cidade de São Paulo. Ele foi internado na UTI após um incêndio em seu apartamento, onde teve 53% do corpo queimado. O velório será realizado no Teatro Oficina e será aberto ao público, e o prefeito de São Paulo decretou três dias de luto. Zé Celso foi uma figura icônica das artes cênicas brasileiras, revolucionando o teatro com sua abordagem experimental, política e sensorial, além de ter contribuído para a introdução do modernismo e tropicalismo na dramaturgia nacional.
Legado
Nascido em 1937, Zé Celso iniciou sua trajetória no final da década de 1950, quando fundou o Grupo de Teatro Amador Oficina, que mais tarde se tornaria o renomado Teatro Oficina. O grupo se destacou por suas montagens coletivas e provocadoras, explorando a experimentação teatral, a participação do público e a interação entre palco e plateia. Ao longo de sua carreira, Zé Celso se firmou como um defensor do teatro político, sensorial e livre de amarras tradicionais.
Um dos momentos marcantes de sua carreira foi a peça “Roda Viva” (1968), escrita por Chico Buarque e dirigida por Zé Celso, que causou grande impacto e polêmica na época. A obra provocadora apresentava uma abordagem crítica e desconstruída do espetáculo, incitando a plateia a participar fisicamente e questionar os valores da sociedade.
Zé Celso também foi responsável por montagens históricas, como “Galileu Galilei” (1968) e “Os Sertões” (1993-2002), um épico teatral baseado na obra de Euclides da Cunha. Essa última produção, dividida em diversos capítulos, totalizou cerca de 20 horas de duração.
Além de sua atuação nos palcos, Zé Celso também teve incursões no cinema, dirigindo filmes como “O Rei da Vela” (1982), adaptação da peça de Oswald de Andrade, e “25” (1984), que retrata a história do movimento estudantil em São Paulo nos anos 1960.
Ao longo de sua carreira, Zé Celso recebeu diversos prêmios e reconhecimentos por suas contribuições às artes cênicas. Seu trabalho revolucionário e ousado influenciou gerações de artistas e deixou um legado duradouro no teatro brasileiro. Sua morte representa uma perda significativa para a cultura do país, mas sua influência e suas contribuições continuarão a inspirar e impactar o mundo teatral.
Últimos momentos
Marcelo Drummond, viúvo do renomado dramaturgo e diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa, que faleceu aos 86 anos, compartilhou detalhes do momento de resgate durante o incêndio que atingiu o apartamento do casal, localizado na Zona Sul de São Paulo. Em entrevista à GloboNews, ele relatou os momentos de desespero e como conseguiram sair do local. Drummond contou que Zé Celso tinha problemas de mobilidade e precisou ser socorrido por Victor Rosa, que o carregou para fora do quarto onde o fogo havia começado.
“A gente puxou, o Zé deitou no chão. Eu mesmo não aguentei, deitei um pouco”, revelou. Após saírem do apartamento, Zé Celso recebeu os primeiros socorros antes da chegada dos bombeiros. Marcelo Drummond também destacou que ficaram em observação por terem inalado fumaça, assim como Ricardo Bittencourt e o cachorro Nagô, que também estavam presentes. O velório do dramaturgo será realizado no Teatro Oficina.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, decretou luto oficial de três dias, destacando a importância e singularidade da trajetória de Zé Celso, cuja atuação revolucionou as artes cênicas brasileiras.
Tags:Zé Celso Last modified: 7 de julho de 2023