Mais de 21 milhões de brasileiros não têm o que comer todo dia, diz ONU

O Brasil tem 21,1 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, o que significa falta de alimentos para adultos e crianças. Além disso, cerca de 70,3 milhões de pessoas no país sofrem com insegurança alimentar geral, que abrange desde a preocupação com o acesso à comida até uma redução no acesso entre os adultos. Esses dados foram divulgados em um relatório da ONU que analisou a situação da segurança alimentar e nutrição no mundo.

A fome absoluta, caracterizada por um problema crônico de desnutrição, afeta quase 10% da população mundial, cerca de 735 milhões de pessoas, incluindo 10,1 milhões de brasileiros. No Brasil, a prevalência da insegurança alimentar severa aumentou significativamente nos últimos anos, passando de 1,9% entre 2014 e 2016 para 9,9% entre 2020 e 2022, afetando 21 milhões de habitantes. No entanto, houve uma redução no número de pessoas passando fome, de 12,1 milhões para 10,1 milhões no mesmo período.

A insegurança alimentar severa ocorre quando a falta de comida afeta tanto adultos quanto crianças, enquanto a insegurança alimentar moderada afeta principalmente os adultos. O relatório utiliza a Escala de Experiência de Insegurança Alimentar para medir a situação, por meio de um questionário sobre o acesso à comida.

Globalmente, o número de pessoas passando fome permaneceu estável entre 2021 e 2022, mas ainda é maior do que antes da pandemia de COVID-19, com 9,2% da população mundial sofrendo com a fome no ano passado em comparação com 7,9% em 2019. Regiões da Ásia e da América Latina viram progresso na redução da fome, mas a situação piorou no Caribe, no oeste asiático e em todas as regiões da África, onde uma em cada cinco pessoas passa fome.

As projeções indicam que 600 milhões de pessoas enfrentarão fome em 2030, o que representa uma ameaça ao objetivo de desenvolvimento sustentável de erradicar a fome nos próximos sete anos. Além disso, os dados revelam problemas no desenvolvimento das crianças, com cerca de 148 milhões de crianças menores de cinco anos apresentando baixa estatura.