Em sua delação premiada, o ex-policial militar Élcio Queiroz revelou que o sargento da Polícia Militar Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, foi quem apresentou o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco a Ronnie Lessa, um dos acusados pelos crimes. Élcio e Ronnie estão presos desde 2019, aguardando julgamento pelo homicídio de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Macalé foi executado em 2021, e imagens mostram o momento em que ele é abordado por criminosos em um carro e morto a tiros.
De acordo com a delação de Élcio, Macalé desempenhou um papel crucial no planejamento do atentado, ajudando Lessa a vigiar e monitorar a rotina de Marielle meses antes do crime. Segundo ele, foi Macalé quem apresentou o “trabalho” para Ronnie, o que culminou no assassinato da vereadora em março de 2018. Élcio também confessou ter dirigido o veículo utilizado no ataque e afirmou que Ronnie efetuou os disparos com uma submetralhadora contra Marielle.
Em uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio de Janeiro, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, foi preso nesta segunda-feira. Suel é apontado como o dono do carro usado para esconder as armas utilizadas no crime e também teria ajudado a descartá-las no mar. Ele já havia sido condenado anteriormente por atrapalhar as investigações relacionadas ao caso de Marielle.
Desde o atentado, que completou cinco anos em 2023, a investigação teve avanços significativos com a participação da PF. A primeira fase do inquérito concluiu que Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são os autores materiais do crime, mas ainda se busca esclarecer quem foi o mandante e a motivação por trás da execução de Marielle Franco. Ambos os acusados negam envolvimento no assassinato e aguardam julgamento pelo Tribunal do Júri, cuja data ainda não foi marcada. Lessa já possui condenações por outros crimes, incluindo comércio e tráfico internacional de armas, obstrução de investigações e destruição de provas.
Élcio parou de receber mesada há cerca de um ano
Élcio de Queiroz revelou também que recebeu durante meses pelo menos R$ 5 mil de Suel. O dinheiro, que era inicialmente repassado por Suel a Ronnie Lessa, tinha como destino R$ 5 mil para pagar o advogado de defesa e R$ 5 mil para auxiliar nas despesas de Élcio, que estava enfrentando dificuldades financeiras. A quantia deixou de ser depositada há mais de um ano, supostamente devido à falta de movimentação no processo do caso e ao fato de Ronnie estar “rico”, conforme explicado por Élcio na delação.
Élcio e Suel se conheceram durante o tempo em que ambos atuavam como agentes de segurança em Rocha Miranda, e a amizade evoluiu para a criação de uma milícia na região, principalmente com o controle ilegal de serviços de TV a cabo.
Élcio: desconfiança sobre Lessa foi estímulo à delação
Em depoimento à polícia, Élcio disse que aceitou a oferta de delação premiada da PF depois de desconfiar de seu comparsa no crime, Ronnie Lessa. Lessa, apontado como o autor dos disparos, teria afirmado a Élcio que não havia feito pesquisas sobre Marielle. Porém, desdobramentos da investigação mostraram que Ronnie mentiu, o que gerou desconfiança em Élcio e o levou a fazer a delação.
Na delação premiada, Élcio revelou detalhes do atentado, explicando que ambos aguardavam a vereadora na saída de um evento, e a pesquisa para localizá-la foi feita através do Instagram dela, onde ela havia divulgado o evento. Quando Marielle saiu, Lessa apontou para Élcio quem ela era, e eles a seguiram em um carro. A assessora Fernanda Chaves também estava no veículo, mas sobreviveu ao ataque.
Élcio declarou que dirigiu o veículo utilizado no ataque, enquanto Lessa fez os disparos com uma submetralhadora. Ele também mencionou que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, participaria da emboscada, mas acabou sendo substituído por ele.
Tags:Élcio Queiroz, Marielle Franco, PF, Ronnie Lessa Last modified: 24 de julho de 2023