O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi preso por suspeita de interferência nas eleições presidenciais, especificamente no segundo turno de 2022. A investigação da Polícia Federal (PF) sugere que Vasques teria direcionado operações da PRF para dificultar a movimentação dos eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visando beneficiar o então presidente Jair Bolsonaro. O ministro do STF Alexandre de Moraes justificou o decreto de prisão de Vasques alegando risco de obstrução de investigação.
O foco da suspeita está em uma reunião sigilosa ocorrida em 19 de outubro de 2022, entre o primeiro e o segundo turno das eleições, na sede da PRF em Brasília. Nessa reunião, Vasques, que era declaradamente um apoiador de Bolsonaro, teria supostamente dito que a PRF deveria “tomar um lado” na disputa eleitoral e que o segundo mandato de Bolsonaro traria vantagens para a corporação.
O direcionamento das operações da PRF no dia do segundo turno também levantou suspeitas. Dados mostram que houve uma atuação desproporcional da PRF nas regiões do Nordeste, onde Lula tinha votação expressiva. Isso foi percebido pelo número de ônibus retidos e fiscalizados nas diferentes regiões do país. No Nordeste, foram retidos 324 ônibus, enquanto nas outras regiões foram números muito menores: 152 no Centro-Oeste, 79 no Sudeste, 76 no Norte e 65 no Sul.
A investigação da PF revelou que um mapa com a concentração de votos de Lula foi utilizado na reunião para orientar as operações. Esse mapa indicava as regiões onde Lula tinha maior apoio eleitoral, sugerindo que as operações teriam sido politicamente direcionadas para dificultar a movimentação desses eleitores.
Mensagens trocadas entre dirigentes da PRF também reforçam a suspeita de direcionamento político. O coordenador de análise de inteligência, Adiel Alcântara, e um subordinado trocaram mensagens indicando que Vasques teria mencionado que a operação seria politicamente direcionada para impedir a circulação dos eleitores de Lula, especialmente no Nordeste.
No entanto, o conteúdo da reunião não consta em documentos oficiais, pois a ata foi supostamente manipulada para ocultar o tema discutido. A PF buscou reconstituir os eventos e colher depoimentos de membros da PRF para entender a extensão da interferência. A prisão de Silvinei Vasques e outros dirigentes da PRF ocorreu em meio a essas investigações sobre possível interferência nas eleições.
Tags:Alexandre de Moraes, Jair Bolsonaro, PRF, Silvinei Vasques Last modified: 10 de agosto de 2023
