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17 de março de 2022
Nômades digitais: quem são, como vivem, onde trabalham e do que se alimentam? Você confere hoje, em mais uma edição da nossa NewsPlus!
Entenda a polêmica
Nomadismo digital: conheça o estilo de vida do futuro
O coronavírus trouxe muitas mudanças de rotina e algumas certezas, como a do home-office. O trabalho remoto, que antes era temporário, passou a ser definitivo em muitas empresas. Outras, preferiram apostar no esquema híbrido.
Nem todo mundo tem uma carreira que permite essa flexibilização e outros sentem falta de sair de casa e ver os colegas. Contudo, é inegável que a pandemia acelerou uma tendência: o nomadismo digital.
De acordo com uma estimativa realizada pelo site Nomad Life, até 2035, o mundo terá cerca de 1 bilhão de trabalhadores nômades. Mas como funciona esse estilo de vida?
Quem são os nômades digitais?
São pessoas que, por conseguirem trabalhar de qualquer lugar do mundo, tendo consigo um computador, celular e sinal de Wi-Fi, não possuem endereço fixo. Ou até possuem, mas permanecem mais tempo na estrada que em casa.
59% desses profissionais são freelancers, segundo pesquisa norte-americana “Digital Nomads”, lançada pela MBO Partners em 2019. Significa que eles prestam mais de um trabalho para mais de uma empresa, não necessariamente tendo a carteira assinada. Geralmente, são profissionais autônomos que emitem notas fiscais.
Por que aderir ao estilo de vida?
Apesar de, no Brasil, o sonho de 87% da população ainda ser ter uma casinha própria, como mostra o Instituto Datafolha, cada vez mais jovens preferem usar o dinheiro que gastariam em um imóvel para investir em viagens – e não apenas durante as férias.
Outra questão é a da alta de preços. Como está tudo caro, muitas pessoas estão colocando no papel os gastos que teriam com uma casa própria ou um aluguel. Para muitos, compensa mais fazer reservas longas no Airbnb, e ficar trocando de casa e conhecendo lugares novos, que criar raízes num local em que teriam que pagar gás, luz, IPTU, e por aí vai.
Os influenciadores Ellora Haonne e Luca Scarpelli decidiram embarcar nessa jornada no último ano. Por serem autônomos, têm essa facilidade de trabalharem de qualquer canto. Por isso, venderam muitas de suas coisas, adotaram um guarda-roupa inteligente e começaram a alugar casas na plataforma de hospedagens. Como de vez em quando precisam retornar para São Paulo para reuniões presenciais, escolhem destinos próximos à capital.
Foto: Imagno/Austrian Archives/Getty Images
O virar da chavinha
O estilo de vida dos nômades digitais tem interferido diretamente no setor do turismo. Por exemplo, é cada vez mais comum encontrar hostels e hotéis que ofereçam também o serviço de coworking. Até vistos de trabalho remoto foram criados por países, como a Estônia, para atrair esses profissionais. “Esse tipo de arranjo é uma tendência global, e os debates têm ocorrido intensamente”, explica Diana Quintas, vice-presidente da Associação Brasileira de Especialistas em Migração e Mobilidade Internacional.
Outra interferência é nas multinacionais. Muitas estão oferecendo essa possibilidade de exercer a função de outros locais do mundo e fazer esse intercâmbio cultural possibilitado pelo trabalho remoto.
Nem todos os funcionários sonham com essa realidade, é verdade, mas oferecer a possibilidade é um avanço incrível, ainda mais em tempos em que o burnout foi incluído oficialmente pela OMS na lista de doenças ocupacionais. Afinal, agora companhias podem ser responsabilizadas caso não cuidem da saúde mental de seus contratados. É preciso ao menos tentar diminuir “o estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”.
O futuro é nômade
Um estudo realizado pela Dell em 2019 mostra que 85% das profissões que vão existir em 2030 ainda nem foram criadas. A expectativa é que a maioria delas já nasça neste novo mundo em que muitos profissionais podem trabalhar remotamente de qualquer lugar do planeta, sem a obrigação de baterem ponto cinco vezes por semana em um escritório – e sem a ideia errônea de que renderiam mais por isso.
E com a dinâmica, profissões conservadoras por natureza, como o Direito, acabam ganhando novos ares e rotinas mais flexíveis. “Como o profissional costuma ter muitas alternativas de trabalho, ser PJ nesses casos é mais comum. A pessoa acaba fazendo muitos projetos. E as soft skills (habilidades comportamentais) são essenciais, como autogestão, adaptabilidade, boa comunicação e negociação. O que, geralmente, são características mais comuns a empreendedores”, pontuou Patricia Carvalho, CMO (chief marketing officer) da Revelo, ao Estadão.
O negócio é lidar com a saudade de casa, conseguir administrar bem as entregas e torcer para a internet não pifar. Ter pets e/ou uma família pode dificultar o processo, mas não o torna impossível.
E aí, teria coragem?
Last modified: 3 de março de 2023