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Written by 09:48 Brasil

O que configura um relacionamento abusivo?

A relação de Viih Tube e Lipe Ribeiro terminou de um jeito bastante ruim, e o caso acendeu o debate sobre relacionamentos tóxicos e abusivos. Confira!

Entretenimento

Viih Tube sobre Lipe Ribeiro: “Você me fez mal”

A ex-BBB e influenciadora Viih Tube e Lipe Ribeiro, que ficou conhecido por participar do reality De Férias com o Ex e engatar um breve namoro com a Anitta, estavam se relacionamento há alguns meses. A especulação era: será que o rolo viraria namoro? A resposta é: definitivamente não.

Recentemente, Lipe, de 30 anos, participou de um podcast e disse que a influenciadora, de 21, começou a confundir as coisas e culpou a idade dela por isso. “A gente se encontrava, se pegava, dormia junto e vamos embora. Cada um no seu estado. Só que eu fui morar em São Paulo e ela começou a confundir um pouco as coisas. Ela é muito nova(…) Acho que ela começou a ter um sentimento, só que não era o momento, e começou a ter ciúmes, a ter maluquices”, disse. 

Viih Tube se irritou com a fala do ex-peguete e soltou o verbo nas redes sociais: “Nossa, garanhão desapegado(…) Mulher nenhuma confunde as coisas sozinha. Quem não deixava claro e manipulava tudo era você, até em Sorocaba conhecer família você foi e amizade é o cassete. Você me faz mal, o que fez comigo foi imperdoável, você foi meu maior livramento, quero é distância, você não merece metade do que já fiz por você”, desabafou. 

Entenda a polêmica


O que configura um relacionamento abusivo?

É difícil atestar algo levando em conta apenas uma fala, mas a declaração de Viih Tube acendeu o alerta a respeito de relações abusivas, especialmente por ela ter se relacionado com um homem mais velho e ter dado a entender que ele demonstrava uma coisa quando estava com ela e sua família, e agia de forma diferente na frente de terceiros, como da própria Mídia. 

“A definição de um relacionamento abusivo é difícil, mas ao mesmo tempo simples. É aquele em que há uma desigualdade de poderes e possibilidade para as pessoas que fazem parte dessa relação. Há uma pessoa oprimida e há um opressor”, explicou a psicóloga Fabiola Freire em entrevista para a Glamour.

Quando recortes de idade são feitos, essa relação de opressão pode se tornar ainda mais presente e, muitas vezes, o controle que o parceiro exerce sobre a mulher se dá por meio de microagressões diárias, que nem sempre têm a ver com abusos físicos. A explosão pode acontecer de forma verbal e/ou psicológica também – e, geralmente, vem sempre acompanhada de um pedido de perdão na sequência.

Relações abusivas são marcadas pela repetição de ciclos. A desculpa vem, mas vem junto dela a chantagem emocional. “Você nunca vai encontrar alguém que te ame como eu” é a frase mais utilizada. “Antigamente não era permitido que as mulheres se separassem. Hoje em dia é permitido e, mesmo assim, a gente vê mulheres presas nisso. É o machismo que impede as mulheres desse entendimento, justamente porque existe a naturalização de atitudes que deveriam ser inaceitáveis. A gente só aceita, e ainda chama isso de amor, exatamente porque ele está estruturado em um padrão machista e patriarcal”, garante a especialista. 

Relativizar situações tóxicas e justificá-las usando o amor, como se ele fosse a resposta para tudo, é perigoso. O amor não é apenas um sentimento, mas um conjunto de atitudes que envolve respeito e escolhas. Amar não combina com desrespeitar, e esse desrespeito pode vir de diversas maneiras. “O homem pode ter uma reação extremamente ciumenta e aquilo ser entendido como um cuidado, por exemplo. A mulher não entende isso como uma restrição a sua liberdade. Os sinais existem, mas eles não são vistos como sinais porque eles estão estruturados nessa concepção machista de mundo”, pontua a psicóloga Fabiola. 

Como sair de uma relação tóxica?

Não é fácil. No Brasil, muitas mulheres seguem presas a relacionamentos abusivos por depender financeiramente do parceiro. É preciso haver toda uma reconstrução social para empoderar mulheres e livrá-las da desigualdade de gênero e salarial. 

Contudo, o primeiro passo é parar de culpar a vítima e dar sempre razão para o homem, como se ele fosse o dono da verdade. As vítimas também precisam parar de ser revitimizadas pela própria Justiça, que muitas vezes duvida delas e dá voz de poder ao agressor. E por último, mas não menos importante, é preciso construir e incentivar redes de apoio para que essas mulheres se sintam acolhidas e protegidas, e tenham enfim coragem de denunciar o parceiro sem temer pela vida. 

A Central de Atendimento à Mulher (180) funciona 24h e é possível realizar denúncias também pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil.

Last modified: 3 de março de 2023
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