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Written by 09:51 Brasil

5 fatos marcantes sobre Lygia Fagundes Telles

O legado de Lygia Fagundes Telles, eternizada como a rainha da literatura brasileira, é imenso, mas destacamos cinco fatos marcantes sobre ele a seguir

O adeus a Lygia

Morre Lygia Fagundes Telles aos 98 anos

No domingo (03), o mundo deu adeus à escritora Lygia Fagundes Telles, que faleceu de causas naturais aos 98 anos, em São Paulo. Imortal da Academia Brasileira de Letras e membro da Academia Paulista de Letras, a autora já foi condecorada ao longo da carreira com prêmios Jabuti, APCA e Camões, a honraria máxima da língua portuguesa dada pelo conjunto da obra. 

A seguir, você relembra cinco fatos marcantes sobre a romancista e contista eternizada como a dama da literatura brasileira:

Herança do pós-Modernismo

Lygia nasceu em São Paulo, no dia 19 de abril de 1923. Aos 15 anos, publicou seu primeiro livro, Porão e Sobrado. Formada em Direito, colaborou com os jornais Arcádia e A Balança durante sua passagem pela USP. Nos encontros literários com Mário e Oswald de Andrade, integrou-se ao pós-Modernismo, movimento artístico, filosófico e cultural contemporâneo surgido em 1945, cujas principais características são o humor lúdico, a metalinguagem, a espetacularização social e o abandono do tradicionalismo. 

Voz potente do feminismo

Em uma época em que muito se lutava, mas pouco ainda se falava abertamente sobre o movimento social, a escritora abordava constantemente em seus livros a temática feminina e foi uma das primeiras a escrever sobre temas considerados tabus, ainda mais para mulheres autoras, como drogas, adultério e homossexualidade. Lygia não apenas contestou o papel da mulher na sociedade em muitas de suas obras, como ajudou a dar voz às inúmeras identidades femininas e abriu caminhos para outras escritoras. Inclusive, em 2016, a paulistana foi indicada ao Prêmio Nobel de Literatura e deu a seguinte declaração na época: “Quando fiquei sabendo da notícia da indicação, todas essas memórias vieram à tona para mim. Vem em hora certa. No momento em que as mulheres estão mostrando a cara em movimentos feministas fortes com ondas em redes sociais e mostrando a todos a que vieram. Sim, somos mulheres e estamos conquistando cada vez mais espaço em todos os ambientes que outrora eram predominantemente masculinos. E vamos ganhar cada vez mais terreno no Nobel”, disse.

 

Foto: Eduardo Knapp/Folhapress

Escritora acessível

As obras de Lygia são para todos aqueles que se denominam leitores. Livros como As Meninas, Ciranda de Pedra e A Noite Escura e Mais Eu marcaram gerações. “O escritor pode ser louco, mas não enlouquece o leitor. Ao contrário, pode até desviá-lo da loucura”, falou uma vez a autora, que gostava de dizer ainda que lutar com a palavra era sua vocação. “Sou escritora e sou mulher – ofício e condição duplamente difíceis de contornar”, declarou a romancista, que é hoje uma grande referência para milhares de jovens escritoras: “Existe uma palavra que saiu de moda e, no entanto, é insubstituível na terminologia da criação: inspiração”. 

Do Brasil para o mundo

Os livros da paulistana foram traduzidos para diversos idiomas e ela já participou de eventos em países como Espanha, Itália, México, Estados Unidos, França, Alemanha, República Tcheca, Canadá e Suécia. A ocupante da 16ª cadeira da Academia Brasileira de Letras também foi condecorada com prêmios internacionais, como a Ordem al Mérito Docente y Cultural Gabriela Mistral, Gran Oficial (do Chile) e medalha Ordre des Arts et des Lettres, Chevalier (da França). O próprio Prêmio Camões, que recebeu em 2001, lhe foi entregue durante a VIII Cúpula Luso-brasileira, em Portugal.

Romancista do amor

Parece ambiguidade, mas não é. Lygia Fagundes Telles era mais que uma escritora que falava sobre o amor; ela era o amor. “Não sei onde foi que li, a beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da tarde, está no crepúsculo, nesse meio-tom, nessa ambigüidade. Estou lhe dando um crepúsculo numa bandeja e você se queixa”, escreveu certa vez, eternizando de maneira simples esse sentimento complexo, coisa que fazia de melhor, nem sempre de maneira melosa. Pelo contrário! O realismo podia ser brutal… Como a vida.

Obrigada, dama da literatura, por descomplicar tantas coisas dando voz a elas!

Last modified: 3 de março de 2023
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