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Written by 10:29 Brasil

Homofobia é crime, não questão de “opinião”

No Brasil, a cada 27h uma pessoa LGBTQIA+ morre. Homicídio é um dos principais crimes cometidos e mortes por esfaqueamento são as mais comuns

Entenda a polêmica

Homofobia é crime, não questão de “opinião”

Aos 17 anos, o atacante Jake Daniels, do Blackpool, clube da segunda divisão do campeonato inglês, declarou-se abertamente homossexual, tornando-se assim o primeiro jogador de futebol profissional britânico a assumir sua sexualidade desde que Justin Fashanu assim o fez, em 1990.

Ao canal Sky Sports, Daniels disse que deseja ser uma referência para outros jogadores. “Durante muito tempo pensei que teria que esconder minha verdade porque eu queria ser, e agora sou, um jogador de futebol profissional. Perguntei a mim mesmo se deveria esperar até me aposentar. Nenhum outro jogador no esporte profissional aqui se abriu. No entanto, eu sabia que isso levaria a um longo tempo de mentira e que não seria capaz de ser eu mesmo ou levar a vida que eu quero”, disse.

A cada 27h, uma pessoa LGBTQIA+ morre no Brasil

Nesta terça-feira (17), celebrou-se o Dia Internacional de Combate à Homofobia, instituído em 17 de maio de 1990, quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) retirou a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Mas celebrar talvez não seja bem a palavra. 

Em 2021, 316 pessoas LGBTQIA+ foram mortas em crimes violentos no Brasil, segundo dados do Observatório de Mortes e Violência contra LGBTI+, coordenado pela Acontece Arte e Política LGBTI+ e pelo Grupo Gay da Bahia. Com relação ao ano anterior, o aumento foi de 33,33%. 

O homicídio é o principal crime cometido, contabilizando 82,91% dos casos registrados. Dentre as principais violências, temos as mortes por esfaqueamento, totalizando 28,8% do total. Na sequência, mortes por armas de fogo (26,7%) e por espancamento (6,33). São Paulo e Alagoas são alguns dos estados brasileiros mais perigosos para membros da comunidade.

Ainda de acordo com o Observatório de Mortes e Violência, a maioria das vítimas tem entre 20 e 29 anos. Homens gays são os mais ameaçados (45,8% das mortes), seguidos por travestis e mulheres transexuais (44,6%).

Muitas dessas violências são estimuladas de forma indireta pelo Estado e pela ignorância, no sentido de muitos não terem acesso a informações confiáveis e/ou não se permitirem compreender outras realidades e vivências, seja por questões culturais, religiosas ou até mesmo políticas. Afinal, o conhecimento é uma das principais armas contra o preconceito, certo? Ele derruba não apenas barreiras invisíveis, como também fake news concretas, que chegam a tantos cidadãos pelas redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas. 

Por isso, todo dia é dia de combater a homofobia, mesmo que você não pertença à comunidade LGBTQIA+. Já se perguntou se você compactua com a LGBTfobia estrutural que permeia nossa sociedade? De quais formas? Como pode contribuir para que o Brasil se torne um país mais seguro para essas minorias? 

Todos temos direitos e deveres, e é sempre importante ressaltar que desde 2019 a homofobia é crime, não questão de “opinião”. A pena pode variar de um a cinco anos de prisão, mais multa. E como bem disse a cantora Linn da Quebrada em uma entrevista exclusiva concedida para o site Lado Bi: “O ódio disfarçado de opinião é tão culpado quanto quem mata”.

Last modified: 3 de março de 2023
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