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1º de setembro de 2022
O candidato a deputado federal por SP, Felipe Bocardi, polemizou ao dizer que já havia sido vítima de preconceito por ser branco, loiro e de olho verde. Será?
Entenda a polêmica
Loiro de olho verde também sofre preconceito?
O entrevistado mais recente do podcast Diário de Polícia foi Felipe Bocardi, candidato a deputado federal pelo União Brasil em São Paulo.
Durante o bate papo, o atual namorado da atriz e ex-BBB Carla Diaz disse que já sofreu muito preconceito na vida por ser loiro de olhos claros: “Você entrar na Polícia loirinho de olho verde, branquinho e quando entrei tinha menos barba ainda. Cara eu sofri preconceito demais”, disse.
Depois, ele emendou outra frase que deu o que falar na internet: “Eu joguei bola a vida inteira, eu era atacante, a teoria de base inteira, o zagueiro era negão, ficava pegando na minha bunda. O preconceito existe”, falou.
Mas, afinal, pessoas brancas também podem sofrer preconceito? A resposta é que tecnicamente sim: toda pessoa pode sofrer preconceito.
O problema é que a gente não pode simplesmente sair falando o que pensa por aí sem levar em conta a sociedade em que vivemos e questões históricas – porque a linha que separa injúria racial de racismo pode ser bastante tênue, ainda mais quando levamos em conta os negacionistas de plantão.
O Art. 1º da Lei nº 7.716 da Constituição Federal diz que “serão punidos os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
Ok. Só que existem outros dois tipos de crimes motivados pelo preconceito: injúria racial e racismo.
Na fala dos especialistas, a diferença é que crimes de injúria racial são direcionados a uma pessoa ou a um grupo bastante específico. Por exemplo, Felipe Bocardi poderia dizer que foi vítima de injúria racial – por mais bizarro que isso soe, levando em conta questões socioculturais e históricas.
Agora, ele jamais poderia dizer que foi vítima de racismo. Primeiro, porque não existe racismo reverso, uma vez que os brancos sempre ocuparam posições de poder na pirâmide social e econômica, e nunca foram escravizados por sua cor de pele. Segundo, porque crimes de racismo englobam ofensas dirigidas a toda uma comunidade. Como não existe racismo reverso, logo não existe racismo contra a comunidade branca.
Por isso, é muito perigoso abordar tais questões de maneiras simplistas, ainda mais em épocas de fake news e de falas criminosas disfarçadas de “minha opinião”.
Last modified: 3 de março de 2023