Saudação nazista ou juramento à Bandeira?

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3 de novembro de 2022

“Heil Hitler”?! Ministério Público investiga gesto coletivo feito por grupo de protestantes pró-Bolsonaro e antidemocratas em cidade de Santa Catarina

Entenda a polêmica

Saudação nazista ou juramento à Bandeira?

Até o final da tarde desta quarta-feira (2), apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) bloqueavam ainda estradas em 17 estados do Brasil. Os chamados protestos estão mais fortes em Santa Catarina, Mato Grosso e Paraná, onde o bolsonarismo é mesmo mais latente. 

Alguns hospitais relataram situação de emergência por falta de oxigênio, postos de gasolinas e supermercados também, devido ao desabastecimento de combustível e alimentos, respectivamente, e há relatos de pessoas que não conseguiram chegar a velórios, por causa dos bloqueios. A catarinense Ceci Tigre, de 68 anos, lamentou à BBC News o fato de não ter conseguido dar o último adeus à própria irmã, Gessi, que faleceu aos 77 anos.

O caso ocorreu na cidade de Curitibanos, onde postos de combustível estão em situação de calamidade. “Eu não tenho palavras para essa situação, não consegui chegar ao velório da minha irmã e não estou bem”, disse ao veículo de comunicação.

Também em Santa Catarina, outro episódio triste chamou a atenção. Um grupo de manifestantes de São Miguel do Oeste foi flagrado fazendo uma saudação muito semelhante a que os nazistas faziam para Adolf Hitler durante a Alemanha Nazista. Com o braço direito em riste, eles cantavam o Hino Nacional enquanto um tanque de guerra “observava” ao fundo.

O vídeo chegou até o Ministério Público de Santa Catarina, que analisa as imagens e não descarta possíveis prisões, uma vez que fazer apologia ao nazismo é crime previsto em Lei. “Uma vez identificadas, será produzido um relatório e as informações encaminhadas pra 2ª Promotoria de Justiça da Comarca, que possui atribuição criminal, para responsabilização dos envolvidos”, explicou Marcela de Jesus Boldori Fernandes, promotora de Justiça de São Miguel do Oeste. 

Na internet, algumas pessoas já tentam justificam o ato, dizendo que, na verdade, o que os manifestantes estavam fazendo era um juramento à Bandeira. Normalmente, no momento de jurar a Bandeira, o braço direito fica estendido mais na altura do peito, não em direção ao céu. Justamente por isso, e por causa dos recentes casos envolvendo possíveis crimes de apologia ao nazismo no Brasil, em especial na região Sul, o MP está investigando a fundo o episódio. 

Em outubro, uma professora do Colégio Sagrada Família, em Ponta Grossa, no Paraná, foi demitida após ser flagrada fazendo uma saudação nazista em sala de aula. A defesa da docente, Alexandre Jorge, deu a mesma desculpa: que sua cliente estava, na verdade, fazendo um juramento à Bandeira. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público do Paraná.

De acordo com a Lei 7.716/1989, “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”, assim como “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo” é crime. A pena é de reclusão de um a cinco anos, mais multa.

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