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Written by 14:58 Brasil

Entenda o movimento ‘redpill’ e como ele contribui para a violência contra as mulheres

Thiago Schutz, que se autointitula coach de masculinidade, é o nome do momento nas redes sociais. Ele caiu na boca do povo após um vídeo seu viralizar no TikTok, em que narra um encontro que teve com uma moça que lhe ofereceu uma “breja” enquanto ele tomava um Campari. Ele usa o episódio para reafirmar uma série de declarações machistas.

Não demorou muito para as pessoas começarem a reagir ao vídeo. A atriz e humorista Lívia La Gatto, por exemplo, criou um personagem “hétero top” inspirado em Thiago e postou dois vídeos no Instagram em que ironiza as falas do coach, sem citá-lo expressamente. 

Thiago, contudo, se sentiu ofendido e se achou no direito de ameaçar Lívia. “Você tem 24h para retirar seu conteúdo sobre mim. Depois disso é processo ou bala. Você escolhe”, enviou por DM. 

Thiago também tentou ligar mais de 15 vezes para Lívia, que não atendeu as chamadas de voz e abriu um boletim de ocorrência contra o coach, pedindo uma medida restritiva. 

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o caso foi registrado como ameaça: “Por se tratar de um crime de ação penal condicionada, a autoridade policial está em contato com a vítima para que ela informe se deseja representar criminalmente contra o autor para que as investigações sejam iniciadas”.

De acordo com o Art. 147 do Código Penal Brasileiro, é crime “ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico”. A pena varia de um a seis meses de prisão mais multa – e é agravada em casos de violência psicólógica contra a mulher. 

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Entenda o movimento ‘redpill’

Se você assistiu ao filme Matrix, sucesso lançado em 1999, deve lembrar que Neo (Keanu Reeves) tem que escolher entre duas pílulas: uma vermelha e outra azul. 

A vermelha o liberta de ilusões ao lhe dar consciência da realidade; a azul faz com que ele continue vivendo “em paz”, mas em um mundo de ilusões. 

Essa metáfora do filme de sci-fi foi distorcida por um movimento chamado “redpill”, seguido por homens como Thiago Schultz, que defendem que acreditar nas mulheres – e, consequentemente, namorar e se casar com elas – é ilusão, pois todas são “aproveitadoras”. 

Por isso, eles escolhem “tomar” as “pílulas vermelhas” da realidade, para se libertar desse “sistema que favorece as mulheres”. 

O movimento, majoritariamente formado por apoiadores da extrema direita, prega que as mulheres são infiéis e sem caráter, e que, por isso, os homens só devem se envolver com elas sexualmente. Nada de se envolver romanticamente, pois, neste caso, eles estariam escolhendo tomar as “pílulas azuis” das ilusões. 

Em um mundo patriarcal e machista, na verdade, o sistema não favorece as mulheres – vide estatísticas do Brasil, país em que uma mulher é estuprada a cada dez minutos e vítima de um feminicídio a cada sete horas. Movimentos do tipo só reforçam as muitas violências diárias sofridas pelo sexo feminino e compactuam com a cultura da objetificação do corpo da mulher, uma vez que pregam que ela é um mero objeto de prazer.

Last modified: 7 de março de 2023
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