Na última sexta-feira (24), a Polícia Rodoviária Federal, o Ministério Público do Trabalho e a Polícia Federal resgataram 206 trabalhadores que viviam em condições análogas à escravidão em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
A operação ocorreu no Centro da Indústria, Comércio e Serviços, após a denúncia de alguns trabalhadores que conseguiram fugir do alojamento onde moravam. “Não tem como a pessoa ir para casa, porque eles prendem a gente de uma forma que ou a gente fica ou, se não quiser ficar, vai morrer”, disse uma vítima à RBS TV.
A maioria dos trabalhadores era da Bahia e foi recrutada por Pedro Augusto de Oliveira Santana, que chegou a ser preso, mas foi solto na sequência, após pagar uma fiança de R$ 40 mil. O responsável pelas contratações trabalhava para grandes vinícolas, como a Aurora, a Cooperativa Garibaldi e a Salton.
A promessa de emprego era bem diferente da realidade. Segundo a PRF, os trabalhadores sofriam violências físicas, eram submetidos a longas jornadas de trabalho, viviam em alojamentos em condições precárias e recebiam alimentos estragados. Além disso, eles eram ameaçados pelos patrões, que os impediam de deixar o local sob pena de multa por quebra de contrato.
- Deseja receber as informações mais relevantes do Brasil e do mundo de forma descomplicada, além de curiosidades e fatos históricos, por e-mail? É fácil e rápido! Clique aqui e cadastre-se no NewsPlus+. Compartilhe essa novidade para os amigos e bora se informar com qualidade! 😉
Empresas se manifestam
O Centro da Indústria, Comércio e Serviços e a empresa Oliveira e Santana culparam a carência de mão de obra na região pelo episódio: “A falta de mão de obra e a necessidade de investir em projetos e iniciativas que permitam minimizar este grande problema”.
Programas assistenciais também foram usados para justificar o caso envolvendo escravidão moderna. “Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade”, pontuaram as empresas em comunicado.
O texto ainda diz que as vinícolas não sabiam de tais práticas e que “jamais seriam coniventes com tal situação”. O caso está sendo investigado.
Last modified: 7 de março de 2023