O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, anunciou que o órgão está explorando maneiras de combater a alta inadimplência nas operações de cartão de crédito rotativo, onde os clientes não pagam o valor total da fatura e adiam a dívida para o mês seguinte. De acordo com dados da própria instituição, a inadimplência atinge cerca de 50% das operações, um nível inédito comparado a outros países. Uma das soluções propostas é a eliminação do sistema de crédito rotativo automático, que impõe juros considerados abusivos, chegando a 440% ao ano em junho, equivalente a 15% ao mês.
Campos Neto sugeriu substituir o rotativo por um parcelamento direto do saldo devedor, com juros em torno de 9% ao mês, pouco mais da metade da taxa atual. Ele expressou descontentamento com o sistema atual de financiamento por cartão de crédito, que permite parcelamento sem juros em até 13 vezes, uma prática incomum no cenário global. O Banco Central considera a implementação de uma “tarifa” para desencorajar parcelamentos excessivos, visando a responsabilidade financeira, sem proibir essa opção.
Outra alternativa considerada seria impor limites aos juros no crédito rotativo do cartão, mas essa medida poderia levar os bancos a reduzir o crédito para clientes considerados de alto risco, prejudicando o consumo e o varejo. Campos Neto revelou que a proposta do Banco Central sobre o crédito rotativo do cartão será apresentada nas próximas semanas, em conjunto com um projeto de lei vinculado ao refinanciamento de dívidas inadimplentes. Em abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também havia mencionado a negociação para reduzir os juros do cartão de crédito rotativo, considerado prejudicial para a população de baixa renda.
Tags:Banco Central, Fernando Haddad, Roberto Campos Neto Last modified: 10 de agosto de 2023